
A entrevista concedida por Enrico Ambrogini, ex-CEO do Figueirense ao Debate da Pan, da Jovem Pan News Florianópolis, trouxe à tona aspectos relevantes e preocupantes sobre os bastidores do clube. Demitido na noite de segunda-feira (28) pela direção da SAF, o dirigente abordou com franqueza episódios que marcaram sua gestão e motivaram sua saída. Entre eles, destacou a discordância com a demissão do técnico Thiago Carvalho, pontuando que sua defesa era do conceito de trabalho, e não de uma pessoa específica. “Mas não vou contra os meus princípios para me segurar no cargo. Não preciso”, afirmou.
Ambrogini revelou que um dos pontos mais delicados em sua passagem foi a constante interferência de José Carlos Lages, membro do conselho da SAF, no departamento de futebol. De acordo com o ex-CEO, Lages interfere “1000%” nas decisões do futebol, prática que tem gerado descontentamento generalizado na torcida. A crítica direta a essa ingerência escancarou o que muitos torcedores já vinham apontando como um dos entraves ao bom funcionamento do clube no futebol.
Outro ponto destacado na entrevista foi a denúncia sobre uma agência de turismo que tem privilégios no clube, o que levanta questionamentos sobre a transparência e a imparcialidade nas prioridades de pagamentos. Ambrogini não citou nomes, mas deixou claro que esse tipo de relação privilegiada não condiz com uma administração profissional.

As críticas também alcançaram a estrutura física do clube, especialmente as condições enfrentadas pelas categorias de base. O ex-CEO expôs a precariedade das instalações no Centro de Treinamento, destacando, por exemplo, que há apenas um chuveiro para atender 35 atletas e a comissão técnica, o que compromete diretamente o desenvolvimento dos jovens jogadores e evidencia a necessidade de investimentos urgentes.
Apesar dos conflitos e da saída conturbada, Ambrogini fez questão de demonstrar seu carinho pelo clube. Anunciou que se tornou sócio torcedor e que seguirá acompanhando e apoiando o Figueirense como torcedor. O gesto simboliza o compromisso pessoal que mantém com a instituição, mesmo após a ruptura profissional.
A entrevista de Enrico Ambrogini representa alerta sobre os rumos da SAF no Figueirense. Suas declarações provocam reflexões sobre a gestão, princípios, estrutura e governança. Para além da polêmica, fica o desafio de reconstruir credibilidade e aproximar novamente o clube de sua torcida.
Confira a entrevista: A partir do minuto 21