Setembro Amarelo: o papel da conscientização e do tratamento na prevenção do suicídio

Setembro Amarelo: o papel da conscientização e do tratamento na prevenção do suicídio
Foto: Imagem Ilustrativa/Freepik

Em 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a conscientização é intensificada ao longo de todo o mês na campanha conhecida como Setembro Amarelo. A campanha é promovida pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), em parceria com o CFM (Conselho Federal de Medicina). O lema deste ano é: “Se precisar, peça ajuda!”.

Angie Pique, psicóloga e docente da Estácio, oferece algumas dicas para quem deseja e/ou precisa tratar a depressão.

“Entre os principais sintomas da depressão, destacam-se o humor depressivo persistente, caracterizado por uma sensação constante de tristeza, vazio ou desesperança, presente na maior parte do dia. Além disso, a pessoa afetada pode demonstrar uma perda significativa de interesse ou prazer em quase todas as atividades, incluindo aquelas que antes eram prazerosas. Também é importante observar mudanças no apetite ou peso, problemas de sono (insônia ou hipersonia), cansaço extremo ou falta de energia, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, dificuldade de concentração ou de tomar decisões, agitação ou retardo psicomotor, além de pensamentos recorrentes de morte ou suicídio”, comenta.

Ela destaca que esses sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas e representar uma mudança significativa no funcionamento anterior da pessoa. No entanto, nem sempre o quadro depressivo é evidente, especialmente quando a pessoa apresenta um humor irritado, agressivo ou impaciente.

As manifestações podem variar em intensidade e nem sempre seguem um padrão clássico. A psicóloga ainda ressalta que, em casos de depressão mais grave, o risco de suicídio aumenta significativamente quando o paciente começa a apresentar melhorias, pois, nesse momento, ele pode ter mais energia ou disposição para executar sua ideação suicida.

Andréa Cristina Galastri, psiquiatra e docente do Idomed (Instituto de Educação Médica), aconselha que as pessoas busquem ajuda médica o quanto antes.

“As doenças mentais, especialmente aquelas não diagnosticadas ou tratadas corretamente, são responsáveis pela maioria dos casos de suicídio. Cerca de 90% desses casos poderiam ser evitados se esses pacientes estivessem sob tratamento psiquiátrico e psicológico. O primeiro passo é compreender a depressão como uma doença. Ainda é comum a ideia de que o estado depressivo é uma fraqueza e que o indivíduo poderia simplesmente optar por pensar e agir de forma positiva. Muitos pacientes acreditam nisso, o que agrava a sensação de culpa, já presente no quadro depressivo. Mas não funciona assim; o paciente não consegue mudar sua condição ‘porque quer'”, explica Andréa.

Segundo a psiquiatra, a pessoa não é culpada por desenvolver a doença, mas tem a responsabilidade de buscar tratamento e seguir as recomendações médicas. O tratamento medicamentoso é o primeiro passo, pois o paciente, em estado depressivo, não consegue tomar medidas para melhorar sua vida.

À medida que os sintomas são controlados, é hora de investir em fatores de melhoria e proteção, como cuidar do sono, praticar atividades físicas, conectar-se à espiritualidade, manter uma vida social saudável, adotar uma alimentação adequada, cultivar hobbies (como leitura, jardinagem, culinária, artes) e, especialmente, buscar autoconhecimento e ajuda para lidar com os desafios da vida por meio da psicoterapia.

Suicídios em números, segundo a OMS

De acordo com uma pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2019, são registrados quase 800 mil suicídios em todo o mundo, sem contar os casos não notificados, que podem ultrapassar 1 milhão.

No Brasil, 38 pessoas cometem suicídio por dia, totalizando 14 mil casos por ano. Embora os números globais estejam diminuindo, os países das Américas seguem na contramão dessa tendência, com os casos de suicídio em constante aumento.

O suicídio é um grave problema de saúde pública mundial e, conforme a OMS, causa mais mortes do que câncer de mama, malária, HIV, além de guerras e homicídios. Após acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal, o suicídio é a quarta maior causa
de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Em setembro de 2022, o Ministério da Saúde do Brasil apontou um aumento expressivo de 49,3% nas taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos entre 2016 e 2021, alcançando 6,6 por 100 mil habitantes, e um aumento de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil habitantes.

Atendimento à população

Em casos de urgência, é fundamental que pessoas que precisam de ajuda conversem com os seus familiares, pois o diálogo salva vidas. Para isso, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, com sigilo absoluto, pelo telefone 188.




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