
A decisão da Justiça de negar o pedido da Prefeitura de Florianópolis para a demolição da antiga rodoviária da cidade, no Centro da Capital, continua gerando reações e movimentações por parte do poder público. Desocupado desde janeiro deste ano, o imóvel, localizado na esquina das avenidas Hercílio Luz e Mauro Ramos, segue em estado de abandono e vem sendo alvo de invasões, depredações e ações policiais.
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Na última terça-feira (22), um foragido da Justiça foi encontrado no interior da estrutura e levado à delegacia. Em meio às dificuldades para conter as ocupações irregulares, o município acionou o Judiciário para viabilizar a derrubada do prédio, mas teve o pedido negado pelo juiz Alexandre Murilo Schramm.
A Prefeitura, no entanto, mantém a intenção de demolir o prédio. Uma reunião com o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) está marcada para esta terça-feira (29), com o objetivo de apresentar argumentos técnicos e urbanísticos que reforcem a ausência de valor histórico ou cultural no imóvel. Segundo o prefeito Topázio Neto (PSD), essa será uma nova tentativa de destravar o impasse e acelerar a solução para a área, considerada crítica para a segurança pública.
Justificativas da Prefeitura
O pedido de demolição da estrutura teve como base um laudo técnico da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, ratificado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura. A vistoria, realizada no dia 26 de junho, apontou danos estruturais e não estruturais, degradação acentuada, riscos de desabamento, incêndio, quedas de materiais e ocupações por pessoas em situação de rua e usuários de entorpecentes.
Com base nessas constatações, a Defesa Civil recomendou a interdição permanente do imóvel, com desmonte controlado, remoção dos escombros e limpeza do lote.
Divergência de laudos
A Justiça, no entanto, considerou que os documentos mais recentes contrastam com pareceres anteriores da própria Defesa Civil (de 2023) e do Corpo de Bombeiros (de 2025), que não identificaram riscos imediatos à segurança pública.
Além disso, o MPSC solicitou um estudo técnico complementar ao Centro de Apoio Operacional Técnico para avaliar se o imóvel possui valor histórico, artístico ou cultural e qual seria o eventual impacto de sua demolição.
Leilão e insegurança
Um projeto de lei que autoriza o leilão da área está em tramitação na Câmara de Vereadores, mas aguarda o retorno das atividades no Legislativo. A vereadora Manu Vieira (PL) defende a proposta e afirma que o prédio não possui características que justifiquem a preservação.
Entidades como a CDL e a ACIF também cobram uma solução urgente. Ambas apontam que o espaço representa um passivo urbano, gera insegurança e prejudica a região central de Florianópolis.
“O local está condenado e expõe a população a riscos reais. A demolição é o primeiro passo para dar novo uso à área”, diz o presidente da ACIF, Célio Bernardi.
Nova vistoria
Além da reunião com o MPSC nesta terça-feira, está prevista uma vistoria no imóvel na quarta-feira (30), às 14h, conduzida pela 30ª Promotoria de Justiça da Capital, que apura a efetividade das ações adotadas pela Prefeitura para isolar e proteger a estrutura. O objetivo é verificar o cumprimento das medidas de segurança enquanto a situação permanece indefinida.