Praias impróprias para banho foram a tônica do último verão, causando uma epidemia de virose que acometeu moradores e turistas em Florianópolis, principalmente no Norte da Ilha de Santa Catarina.
Às vésperas de mais uma temporada, esse tema já está na mesa da Prefeitura da Capital, que busca alterar a forma como as análises do Instituto do Meio Ambiente (IMA) são realizadas, além de ampliar o número de praias verificadas.
“A nossa ideia é que seja intensificado o número de análises e nos parece necessário ocorrer em mais pontos para ter mais informações à população. O índice de balneabilidade significa que são locais onde há contato direto (de pessoas) com a água, mas têm pontos na verificação (do IMA) que não tem essa característica, ao passo que há muitas praias de utilização da população e não têm análise. Nossa ideia é mudar isso”, explica Fábio Braga, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Sendo uma cidade com foco turístico, que triplica o número de moradores durante os meses de verão, a sociedade civil organizada também está preocupada com esse tema. A balneabilidade e o saneamento básico andam lado a lado, o que causa dúvidas sobre a qualidade dos balneários durante os próximos meses. Isso se dá pelo fato de que a cobertura de esgoto na capital segue próxima de 50%.
“Não tendo um adequado saneamento básico, isso vai influenciar nas nossas praias e vamos perder aquele índice de aproveitamento que os turistas buscam das nossas praias. No verão passado já passamos uma vergonha grande, com quase 90% de bandeiras vermelhas (impróprias para banho). Quero crer que a próxima temporada não vamos assistir isso novamente, por outro lado é difícil acreditar que teremos uma temporada saudável. Na verdade, as praias da Ilha são as galinhas dos ovos de ouro do nosso turismo”, pondera Jaime de Souza, presidente do Floripa Amanhã.
No último verão, um dos pontos criticados por diversos municípios litorâneos foi o fato da periodicidade dos boletins de balneabilidade emitidos pelo IMA. O órgão realiza captação de amostras de água e emite seus boletins semanalmente, sendo que o pedido de prefeitos é reduzir esse período. O Governador Jorginho Melo, à época, se mostrou sensível ao pedido dos chefes municipais, ainda assim não foi divulgada alterações para a próxima temporada de verão.
Fiscalização aumenta na Capital
O saneamento básico é outro tema muito debatido desde o final de 2022, em virtude das chuvas excessivas e da balneabilidade das praias. O Pacto pelo Saneamento foi aprovado em agosto desse ano, mas as fiscalizações se intensificaram antes.
De acordo com o secretário Fábio Braga, 12 mil fiscalizações já foram realizadas nestes nove meses e pelos mais diversos meios.
“Estamos com robô para verificar tubulação, teste de fumaça, câmera e drone. A prefeitura investindo em tecnologia para a fiscalização do saneamento da cidade, que vai ter impacto na balneabilidade”, explica ele.
Nesta segunda-feira (25), o prefeito Topázio Neto divulgou um vídeo ressaltando que 12 casos serão denunciados à Polícia Civil por crime ambiental. Esses empreendimentos, entre eles um prédio, são acusados de romper um lacre e despejar esgoto diretamente na rede pluvial. Multas foram aplicadas, mas não surtiram efeito.