Policiais envolvidos na prisão de dentista encontrado morto em cela começam a ser ouvidos pela Polícia Civil

Policiais envolvidos na prisão de dentista encontrado morto em cela começam a ser ouvidos pela Polícia Civil
Foto: Reprodução/Internet

A Polícia Civil de Santa Catarina iniciou na quarta-feira (23) a oitiva dos policiais militares e civis envolvidos na prisão do dentista Cezar Maurício Ferreira, encontrado morto dentro de uma cela na Central de Polícia de São José. O caso, que tramita sob sigilo, segue em investigação e tem gerado comoção e questionamentos sobre a conduta dos agentes públicos envolvidos.

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A informação foi confirmada pela própria corporação, que também aguarda os resultados dos exames toxicológicos para verificar se o dentista estava sob efeito de álcool ou outras substâncias no momento da abordagem policial. A apuração se dá em meio à pressão da 12ª Promotoria de Justiça de São José, que determinou investigações complementares sobre o caso.

Cezar foi preso pela Polícia Militar na última sexta-feira (18) por suposta embriaguez ao volante. Em seguida, foi encaminhado para a delegacia, onde amanheceu morto no sábado (19). Contudo, a família do dentista alega que ele não ingeriu bebida alcoólica e que, no momento da abordagem, estava passando mal.

Na quarta-feira (23), a Polícia Civil informou que já deu início aos depoimentos dos policias envolvidos, tanto militares como civis, e aguarda o laudo dos exames toxicológicos “para apurar se ele estava sob efeito de alguma substância (álcool ou remédios)”. O caso tramita em sigilo.

De acordo com o advogado da família de Cezar, Wilson Knöner Campos, o MP solicitou as investigações para “verificar eventual omissão ou negligência por parte dos agentes públicos”. O prazo é de 30 dias. Foram solicitadas as seguintes informações, ainda conforme a defesa:

  • Laudo cadavérico e toxicológico;
  • Oitiva dos policiais militares para que elucidem em quais condições entregaram o preso na delegacia, bem como para que indiquem se ele apresentava algum sintoma diferente da embriaguez comum; indicando precisamente quais sinais os levaram a acreditar que Cezar estava embriagado;
  • Oitiva dos delegados e agentes de Polícia Civil que estavam de plantão noturno no dia 18 de julho, além das demais pessoas que estavam presas na Delegacia naquela noite, para que esclareçam se houve alguma reclamação por parte do conduzido; se pediu por auxílio; se apresentou sinais de mau estar; se algum agente de polícia efetivamente compareceu na cela e prestou auxílio, etc;
  • Localize, qualifique e inquira os familiares de Cezar para saber o que ele havia feito no dia dos fatos e para saber sobre problemas de saúde pretéritos dele, juntando aos autos eventual documentação pertinente.

O caso já era investigado pela Polícia Civil. Em nota na terça-feira (22), a corporação informou que o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, solicitou um relatório de inteligência da DINT/PCSC (Diretoria de Inteligência) “para que os fatos fossem devidamente apurados, com a máxima urgência”.

Já a Polícia Militar afirma que Cezar “apresentava mais de um sinal de embriaguez”, mas não detalhou quais, e alega que o carro dele estava com licenciamento vencido.

O que se sabe sobre o caso

Cezar foi detido na noite de sexta-feira (18) pela Polícia Militar por embriaguez ao volante. A PM foi acionada após o dentista bater na traseira de um outro carro, na rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Barreiros. De acordo com relatos dos agentes no boletim de ocorrência, o dentista não conseguiu responder os policiais por “estar aparentemente embriagado”. Ele também não conseguiu fazer o teste de bafômetro, ainda conforme o registro.

O dentista foi autuado por embriaguez e encaminhado à Delegacia de São José. No local, segundo relato do policial civil que recebeu a ocorrência, Cezar recusou água e comida, e foi colocado em uma cela. Entre 1h e 3h, já na madrugada de sábado (19), o atendente relatou ter ido às celas para checar a situação dos presos e o dentista respondeu que estava bem.

Às 7h40min, Cezar foi encontrado morto dentro da cela. O Samu foi acionado e constatou o óbito. Segundo o registro da Polícia Civil, um homem que estava preso ao lado do dentista relatou ter ouvido apenas um barulho e voltou a dormir durante a noite.

A defesa do dentista afirma que ele tinha problemas cardíacos, levava uma vida saudável e não bebia por motivos religiosos.

“Ao invés de ir para um hospital receber tratamento, ele foi parar em uma cela fria”, afirmou Campos.

De acordo com a defesa, o laudo pericial não apontou a causa da morte e destacou a “necessidade de exames complementares”. Amostras de sangue e outras partes de Cezar foram encaminhadas para análise laboratorial e técnica. O resultado deve chegar em 15 dias, conforme o advogado.

Cezar era dentista e servidor do servidor do TRT/SC (Tribunal Regional do Trabalho). Em nota, o órgão informou que irá “acompanhar o caso atentamente” e se solidarizou com a família e amigos do dentista.

Confira nota completa da Polícia Civil

“A Polícia Civil de Santa Catarina informa que está investigando as circunstâncias da morte de um homem, na noite de sábado, 19 de julho, após prisão em flagrante realizada pela Polícia Militar.

A vítima teria se envolvido em um acidente de trânsito e foi conduzida pela Polícia Militar à Central de Plantão Policial de São José em razão de indícios de que estaria dirigindo sob efeito de álcool.

Ao tomar conhecimento dos fatos, na tarde de ontem, o Delegado-Geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, que solicitou um relatório de inteligência da Diretoria de Inteligência (DINT/PCSC), enviando as informações para a Delegacia Regional de São José, para que os fatos fossem devidamente apurados, com a máxima urgência“.

Confir nota completa da Polícia Militar

“A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), por meio do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM), atendeu, na sexta, 18 de julho, às 20h35, uma ocorrência na rua Cândido Amaro Damásio, no bairro Bela Vista, em São José, referente a um acidente de trânsito com apenas danos materiais.

Ao chegar ao local, a guarnição — acionada pelo Copom — foi atendida pelo solicitante, que relatou estar trafegando pela via pública, saindo de uma oficina, quando outro veículo colidiu na traseira de seu carro.

Os policiais, ao conversarem com o outro condutor, perceberam que ele apresentava sinais de embriaguez. A guarnição ofereceu o etilômetro, porém ele não conseguiu realizar o teste. Seguindo os protocolos, foi realizado o auto de constatação, pois o condutor apresentava mais de um sinal de embriaguez.

Diante disso, a guarnição realizou todos os procedimentos de trânsito cabíveis. O veículo do condutor que causou o acidente foi removido ao pátio conveniado, por estar com o licenciamento vencido. A autoridade competente lavrou o auto de prisão em flagrante, e o condutor foi encaminhado à Delegacia de Polícia.

A PMSC está à disposição para eventuais esclarecimentos sobre a ocorrência citada“.




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