Dois vereadores de Joinville estão sendo alvos de operações na manhã desta quinta-feira (30). Segundo o delegado Pedro Alves, da Decor (Delegacia Especializada em Combate à Corrupção), as ações são do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Civil e ocorrem no gabinete dos parlamentares. Mauricinho Soares foi preso, além de outras duas pessoas.
Mauricinho foi detido em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, que estava na casa do parlamentar. Cláudio Aragão também é investigado, além de outras quatro pessoas. Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nos gabinetes e casas dos vereadores, além de empresas em que trabalham os demais envolvidos, como Detran (Departamento Estadual de Trânsito), 2ª Ciretran-Joinville e um escritório de advocacia.
Conforme informações até o momento, os vereadores estão sendo alvo de duas operações simultâneas. Mauricinho é investigado na operação policial, já Aragão pelo Gaeco.
Entenda a operação da Polícia Civil
De acordo com Rafaello Ross, delegado regional da Polícia Civil, a ação conduzida pela Decor tem relação com a liberação irregular de carteiras de motoristas suspensas pelo Departamento de Trânsito. Nesta operação de âmbito policial, três pessoas foram presas, entre elas, Mauricinho, pela posse da arma de fogo, um despachante e outro funcionário terceirizado do Detran.
A investigação iniciou em janeiro deste ano e, no decorrer da apuração policial, foram descobertas mais de 100 condutas criminosas. De acordo com o delegado Ross, em três meses, os envolvidos no esquema auditaram 60 processos de liberação de CNH a condutores impedidos de dirigir. Desses, 58 foram liberados de forma irregular.
Ao todo, seis são investigados nesta operação por crimes de falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e organização criminosa. Entre eles, Mauricinho, um despachante, dois terceirizados do Detran e dois ex-funcionários, que participavam do esquema mesmo após terem saído do órgão.
Além das prisões, também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e duas ordens de suspensão de atividades de trabalhadores do Departamento de Trânsito que atuavam em Joinville e Araquari. Nos endereços, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares, e documentos relacionados aos fatos sob apuração.
Entenda a operação do Gaeco
Já a ação do Gaeco não teve prisões, mas cumpriu 28 mandados de busca e apreensão. Neste caso, o Ministério Público apura crimes contra a administração pública, como peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e sonegação fiscal, que teriam sido praticados entre os anos de 2016 e 2020, no contexto do programa de pavimentação comunitária.
Conforme as investigações da promotoria, subprefeituras de diferentes localidades da cidade foram distribuídas para livre indicação política pelos vereadores das respectivas regiões. Se utilizando dos prédios públicos, os parlamentares investigados teriam facilitado contratações para pavimentação de ruas da cidade, indicando, inclusive, empreiteiros para que executassem os serviços.
Entre os parlamentares beneficiados pelo esquema, segundo o MP, ficou evidente a liderança de um vereador que atuou como líder do poder executivo municipal junto à Câmara do município. Este, supostamente seria notoriamente conhecido como “Rei da Lajota”.
A investigação por parte do Gaeco iniciou em 2021 e apura suposta organização criminosa composta por vereadores e agentes públicos do poder executivo municipal, além de empreiteiros do setor de pavimentação. O nome da operação “Lajotas” faz alusão ao produto utilizado como instrumento para prestação de serviços/contratos celebrados pelos operadores.