01/08/2025, 11h14 - Atualizado em 01/08/2025, 11h14
Foto: Fetrancesc/Reprodução
A menos de um mês do fim do prazo para entrega do projeto da obra no Morro dos Cavalos, em Palhoça, o futuro da intervenção segue indefinido. O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou nesta quinta-feira (31), em Blumenau, que a proposta de construção de um binário no trecho ainda depende de autorização oficial para ser executada em área de terra indígena.
O projeto, elaborado pela SIE (Secretaria de Infraestrutura do Estado), prevê um contorno viário de 5,2 km de extensão e tem custo estimado em R$ 380 milhões. A expectativa do governo de Santa Catarina é concluir o documento até o dia 23 de agosto, dentro do prazo estipulado.
A proposta defendida pelo governador Jorginho Mello (PL) prevê que o trecho atual da BR-101, com 3,3 km, seja reformulado para operar exclusivamente no sentido Norte, com três faixas e acostamento, enquanto o novo contorno absorveria o fluxo no sentido Sul. A estimativa da SIE é que os 5,2 km do contorno possam ser percorridos em menos de quatro minutos.
No entanto, o traçado do binário cruza território tradicionalmente ocupado por indígenas Guarani, o que gera impasse jurídico e político. Conforme apuração, a passagem por terra indígena requer liberação prévia dos órgãos competentes, o que ainda não ocorreu. Lideranças indígenas têm se manifestado contrárias ao binário e defendem a alternativa de um túnel, que já possui licenças ambientais e é considerada menos impactante social e ambientalmente.
Foto: SECOM/Reprodução
“O túnel é mais caro, demorado e difícil de executar. O binário é uma solução pé no chão, mais rápida e viável”, declarou Jorginho na semana passada, ao garantir que os técnicos estão finalizando o projeto para entrega nos próximos dias.
Disputa entre concessionárias e impasse no TCU complicam cronograma
Além da controvérsia indígena, a obra no Morro dos Cavalos enfrenta indefinições quanto à execução. Nos bastidores, parlamentares de Santa Catarina discutem se a responsabilidade ficará com a Arteris, atual responsável pelo trecho Norte da BR-101, ou com a CCR, que opera o trecho Sul. A extensão contratual com a Arteris esbarra na possibilidade de aumento de tarifas e atrasos em outras obras.
Enquanto isso, o processo de otimização do contrato com a Arteris segue parado no TCU (Tribunal de Contas da União), ampliando a incerteza sobre quando e como a intervenção sairá do papel.
O que prevê o projeto da SIE:
Trecho atual (3,3 km): três faixas de 3,6 metros e acostamentos de 3 metros em ambos os lados, sentido Norte;
Novo contorno (5,2 km): duas faixas de 3,6 metros no sentido Sul, acostamento externo de 3 metros e interno de 1,2 metro;
Velocidade nas curvas do morro: 60 km/h; demais trechos: 80 km/h.
Para que a obra avance à fase de execução, o governo estadual precisa obter o licenciamento ambiental e pretende licitá-la por meio do RDCi (Regime Diferenciado de Contratações Integrada), que permite contratação conjunta do projeto e da obra.
O Morro dos Cavalos é considerado um dos maiores gargalos viários da BR-101 e ponto crítico para o tráfego entre a Grande Florianópolis e o Sul do Estado. Ainda assim, as indefinições políticas, técnicas e jurídicas colocam em risco o cronograma e a viabilidade do projeto.
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