Janeiro Branco: saúde mental do paciente oncológico também precisa de atenção

Janeiro Branco: saúde mental do paciente oncológico também precisa de atenção
Foto: Imagem Ilustrativa/Divulgação

O movimento Janeiro Branco, que reforça a importância da saúde mental, ganha ainda mais relevância em oncologia quando pacientes e familiares que recebem um diagnóstico oncológico se deparam com uma mudança repentina na trajetória da vida.

O que antes era um caminho seguro pautado por preocupações cotidianas passa a coexistir com vários sentimentos como medo, ansiedade, tristeza, angústia, além de alterações impactantes na rotina, sejam pelos sintomas ou pelos próprios tratamentos.

“Dessa maneira somam-se preocupações naturais como o temor da morte, da dor e do sofrimento. Nesse contexto, percebemos que não somente a saúde física, mas a mental também necessita de atenção e cuidado”, frisa a oncologista e paliativista da Oncoclínicas Grande Florianópolis, Paula Codeco.

“Cada um irá reagir de formas diferentes, tudo dependerá, entre outros fatores, não só do estágio em que a doença se encontra como da personalidade da pessoa. Porém, em todos os casos, recursos internos sempre serão utilizados para o melhor enfrentamento de uma situação tão difícil”, afirma a psicóloga Júlia Rolim, também da Oncoclínicas na região.

Paula Codeco observa que o equilíbrio emocional está intimamente ligado ao sucesso do tratamento oncológico, além de melhorar a qualidade de vida. Por isso, a abordagem integrada, que inclui suporte psicológico, cuidados médicos e físicos, é essencial para que a jornada seja bem-sucedida. Júlia Rolim considera que a participação do psicólogo na equipe de oncologia clínica é imprescindível, em razão de o câncer não afetar somente o corpo e a saúde.

“Cada paciente é portador de uma história e desta forma a doença oncológica interage com o seu modo de ser e de se relacionar com o mundo e com os outros. Sendo assim, cada um, na sua singularidade precisa ser tratado fisicamente e compreendido existencialmente nesse momento de vida”, complementa.

O suporte psicológico é considerado um recurso importante para o estabelecimento de uma relação de ajuda a pacientes e familiares neste momento, visando favorecer a promoção de bem-estar e buscando um olhar centrado na vivência emocional do indivíduo durante toda jornada de tratamento.

Sinais que indicam necessidade de ajuda

Júlia Rolim informa os indícios de que a pessoa se beneficiaria do acompanhamento psicológico incluem quadros de ansiedade e depressão reativa; baixa adesão ao tratamento; progressão da doença evidenciando alterações emocionais significativas observadas pela equipe e situações de crise envolvendo o adoecimento/tratamento.

“É imprescindível salientar que o sofrimento – incluindo emocional e psíquico – e a percepção dos prejuízos provocados pela condição patológica são individuais, pois não apenas sofrem influência de fatores objetivos, como o estágio da neoplasia e o grau de incapacidade física, mas também de elementos subjetivos, como o significado da doença para o indivíduo, sua imagem corporal, seus desejos e valores”, salienta.

É importante também que o familiar busque ajuda, se necessário, porque acompanhar um ente querido enfermo pode mobilizar sentimentos ambivalentes, sendo fundamental a manutenção do autocuidado, através de apoio psicológico e outras atividades que possam exercer função terapêutica. “Nesse momento difícil, pode parecer natural o outro deixar de se preocupar consigo e só focar nas necessidades do paciente. Entretanto, existe o risco de ficar tão cansado a ponto de não conseguir mais ajudar. Lembre-se de se dar folgas curtas, comer e descansar em intervalos regulares, e fazer caminhadas diárias para manter a sua vitalidade”, recomenda a psicóloga.

Práticas que ajudam a saúde mental

A partir de uma avaliação específica de um profissional, poderá utilizar recursos, técnicas e exercícios, objetivando, por meio de abordagem multiprofissional e interdisciplinar, alívio do sofrimento, da dor e de outros sintomas estressantes. A atividade física é considerada um grande suporte para que os pacientes fiquem o mais ativos possível, buscando reduzir o impacto sobre a qualidade de vida e aliviar as tensões emocionais.

Além disso, a prática de meditação e o fortalecimento espiritual também são importantes recursos de apoio e que podem favorecer o enfrentamento deste momento difícil. O paciente deve ser estimulado a refletir sobre as possibilidades e atividades de seu interesse e, assim, ter melhor adesão.




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