Carlos Prudêncio, 87 anos, é considerado o inventor da urna eletrônica. Ele a criou quando trabalhava como juiz eleitoral. Começou sua carreira como juiz eleitoral em 1969.
“Desde 1969 estudei o direito eleitoral a fundo e tive o privilégio muito grande de ter sido juiz eleitor em todas as Comarcas. Eu ouvi muitos comentários sobre fraudes no voto de papel. No cargo, estudou maneiras de agilizar a apuração de votos nos municípios. Era o primeiro a dar os resultados em todo Brasil. Em 1982, já em Joaçaba, pedi se alguém teria um computador para me emprestar, procuramos em todos os lugares, e quem me salvou foi um jornalista de Joaçaba. Expliquei o que eu pretendia, que era colocar os resultados dos boletos para o computador, e novamente fui o primeiro”, relembrou.
Em Brusque, onde reside atualmente, em 1984 e 1986 continuou apurando os votos utilizando um computador. Em 1988, o projeto continuou avançando.
“Peguei o projeto e fui com meu irmão, Roberto Pedro Prudêncio, pedir uma audiência com o TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Expliquei ao desembargador o que eu faria e, durante uma hora de reunião, ele só disse não. Por último, ele disse: eu te proíbo de lançar essa ‘maluquice’. Ele não queria que o TRE-SC perdesse de dar os primeiros resultados para todo país”, disse.
No ano seguinte, 1989, o Brasil realizou a primeira eleição direta para presidente de República desde o regime militar. Desta vez, Prudêncio ousou e não pediu autorização do TRE para realizar o teste com aquela que seria a primeira urna eletrônica do país.
“Consegui dois computadores emprestados, coloquei um computador em uma seção para torná-la eletrônica e outro para apuração. Os eleitores votaram com a cédula de papel e também no computador. A Embratel me deu um cofre dentro de um satélite, para fazer a transmissão da apuração, às 17h, acionei a minha senha e em fração de segundos saiu o resultado da primeira urna eletrônica em todo o Brasil”, ressaltou.
A experiência desenvolvida em Santa Catarina ganhou destaque na imprensa nacional. Em 1990, nas eleições para governador e deputados, ela foi ampliada após ser avaliada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Diretores de TREs de outros estados também foram a Brusque para conhecer a novidade.
Em 1995, ocorreu a primeira eleição totalmente informatizada da história do Brasil. Em Xaxim, no Oeste catarinense, 12.204 eleitores participaram do processo suplementar, necessário após o falecimento do prefeito e a renúncia do vice. Em menos de 40 minutos após o encerramento da votação, os moradores conheceram o resultado, com a vitória de Edemar Mattiello.
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