O cenário do estúdio de realidade virtual, no prédio da Administração Central da Celesc, em Florianópolis, tem apenas 20 metros quadrados e simula as mais diversas atuações de eletricistas em redes de distribuição de energia. Ao colocar um óculos de imersão em realidade virtual, o usuário é transportado para o ambiente de trabalho na rua: uma cesta aérea — equipamento acoplado em veículos no qual o eletricista é içado para realizar procedimentos no sistema elétrico —, que pode chegar a 12 metros de altura. A roupa antichamas, as botas, as luvas isoladoras, o talabarte e o cinto de ferramentas completam o equipamento necessário para deixar o contexto ainda mais próximo da experiência real.
O ambiente imersivo, que combina elementos físicos e virtuais, é capaz de simular 14 cenários diferentes e em cada um deles é possível configurar condições climáticas, agravantes técnicos e utilização de equipamentos, por exemplo. Toda a simulação é feita por um computador de alto desempenho que reproduz, no óculos de realidade virtual, uma situação na qual o eletricista em treinamento precisa executar um procedimento operacional. No plano físico, a tecnologia dispõe de acessórios utilizados em campo e a cesta aérea isolada. Outros elementos como postes, redes de distribuição e veículos, são criados diretamente no ambiente virtual.
Enquanto a operação é realizada, todos os movimentos do usuário são captados pelas câmeras instaladas. Os movimentos das luvas e da vara de manobra são transmitidos instantaneamente e projetados, conjuntamente com o cenário selecionado, em duas telas dispostas na sala. Desse modo, o instrutor e os demais profissionais em treinamento podem acompanhar e compartilhar informações sobre as tarefas. O propósito é esta capacitação complemente a presencial, pois é capaz de oferecer uma gama de condições personalizáveis que tornam a experiência do usuário mais completa e diversificada.
A tecnologia de realidade virtual desenvolvida e empregada no campo da capacitação laboral consolidou-se como uma grande aliada de profissionais de diversas áreas. “No caso do Estúdio RV Celesc, o recurso mais importante é a imersão digital com os elementos reais nos diferentes cenários”, onde torna-se possível simular procedimentos, vivenciar a realidade e repassar de uma grande quantidade de conhecimento em um curto espaço de tempo, destaca Eduardo Soldateli, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho e coordenador do projeto que deu origem ao estúdio.
A iniciativa faz parte dos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento da Celesc. O estúdio foi resultado de uma parceria firmada entre a Celesc e a empresa Matrix Engenharia em Energia, as responsáveis pela expertise do projeto na área de energia elétrica, e o Laboratório de Sistema Integráveis Tecnológico, desenvolvedora do sistema em realidade virtual.
O instrutor de operação de equipamentos, Júlio Lucena, aponta a importância da iniciativa para o setor elétrico. “A Celesc está sendo pioneira no desenvolvimento de uma tecnologia dessa magnitude porque nós temos um sistema onde a imersão é total. Acredito que a empresa dá um salto em inovação e em qualidade de treinamento, pois consegue agregar todas as situações que podem acontecer no dia-a-dia dos profissionais em um ambiente completamente seguro e controlado”, enfatiza o eletricista.