Imóveis em cidades litorâneas disparam com nova onda de moradores remotos

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Foto: Imagem Ilustrativa/Freepik

A adoção em massa do trabalho remoto após a pandemia da Covid-19 provocou transformações profundas no comportamento de profissionais e empresas. E um dos setores mais impactados por essa mudança é o mercado imobiliário, especialmente em cidades litorâneas, antes procuradas quase exclusivamente para veraneio.

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Hoje, cidades como Florianópolis (SC), Ubatuba (SP), Maragogi (AL) e outras regiões de litoral estão no radar de quem busca unir qualidade de vida e produtividade. A possibilidade de trabalhar de qualquer lugar com acesso à internet consolidou uma nova lógica habitacional: morar onde antes só se passava férias.

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Foto: Kayak/Reprodução

Novo perfil, novas demandas

Corretoras de imóveis, arquitetos e urbanistas já identificam um novo perfil de morador: jovens casais com renda estável, profissionais liberais, trabalhadores do setor de tecnologia e nômades digitais. Todos atraídos pelo ritmo mais leve das cidades pequenas, proximidade com a natureza e, em muitos casos, um custo de vida mais baixo do que nas grandes capitais.

“O home office abriu um leque de possibilidades. Temos clientes que vendem seus imóveis em São Paulo para comprar à vista em cidades do litoral, com qualidade de vida melhor e sem trânsito”, afirma Luiza Santana, consultora imobiliária em Santa Catarina. Segundo ela, a busca por casas e apartamentos com escritórios e boa conexão de internet cresceu 40% desde 2022.

Valorização e pressão no mercado

Em Florianópolis, um dos principais polos de home office no Brasil, o impacto é visível. Dados do Secovi-SC (Sindicato da Habitação) indicam que o valor de imóveis em bairros como Campeche, Lagoa da Conceição e Ingleses teve uma valorização superior a 30% nos últimos três anos. Aluguéis de temporada também migraram para contratos mais longos, visando os chamados “residents by choice”, moradores por escolha, não por necessidade.

Essa nova dinâmica, no entanto, não é isenta de problemas. O aumento na procura eleva os preços e pressiona o mercado local, tornando mais difícil para a população tradicional permanecer nos bairros. “A gentrificação é uma realidade. As casas que antes eram alugadas para famílias agora viram coworkings com vista para o mar”, critica a urbanista Renata Costa, pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina.

Infraestrutura sob pressão

O crescimento acelerado também expõe desafios estruturais. Muitas cidades litorâneas não têm infraestrutura de saneamento, mobilidade ou serviços básicos compatíveis com o aumento populacional. O impacto ambiental, especialmente em áreas de preservação, também preocupa.

“É preciso planejamento urbano. O home office veio para ficar, mas a cidade precisa estar preparada para receber esse novo morador sem colapsar sua estrutura”, alerta Renata.

O futuro do morar

A tendência é que o fenômeno continue nos próximos anos. Empresas mais flexíveis, que mantêm o regime híbrido ou totalmente remoto, estimulam profissionais a repensar seu local de moradia com mais liberdade. E as cidades litorâneas, com sua oferta de lazer, natureza e ritmo desacelerado, seguem como destino preferencial.

Para o setor imobiliário, é uma oportunidade, desde que venha acompanhada de responsabilidade. “Temos que equilibrar o desenvolvimento com a preservação. O desafio é crescer sem expulsar quem sempre viveu aqui”, resume Luiza.




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