Após o hospital ter declarado a morte de uma idosa de 90 anos, ela foi encontrada viva pelo funcionário de um crematório, dentro de um saco preto. O caso ocorreu no Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, no sábado (25), segundo a família da vítima. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, uma sindicância foi aberta para apurar a situação.
O caso ganhou repercussão após ser compartilhado nas redes sociais pelo deputado estadual Sérgio Guimarães (União Brasil). Segundo Jéssica Martins Silvi Pereira, amiga da família, na sexta-feira (24) a idosa, identificada como Norma Silveira da Silva, deu entrada no hospital depois de ser encontrada desacordada em casa.
Na unidade, ela foi encaminhada à sala de reanimação pela equipe médica, sem acompanhante. Por volta das 22h, um dos médicos conversou com o filho da vítima e relatou que o quadro de saúde era grave e ela não teria muitas horas de vida.
Já no sábado (25), por volta das 23h40min, os médicos informaram a família que a idosa havia falecido. Este, inclusive, é o horário que consta no primeiro atestado de óbito ao qual a reportagem teve acesso. A causa da morte foi infecção urinária.
“Nós chegamos lá e o médico explicou que ela tinha vindo a óbito. Eu ainda perguntei quanto tempo fazia, e ele disse que o corpo tinha sido enviado há cerca de trinta minutos para o necrotério. Até estranhei, porque nunca vi ninguém morrer tão rápido e já ir para aquele local”, conta Jéssica.
Após assinar todos os papéis para encaminhar os procedimentos para o velório, a amiga conta que um funcionário responsável pelo crematório onde seria a cerimônia de despedida da idosa, foi até a unidade para recolher o corpo durante a madrugada. Foi nesse momento que ocorreu a surpresa.
“Ela estava dentro daquele saco preto. Quando chegou, ele achou estranho porque o saco estava quente. Pelo horário que ela faleceu, já tinha que ter dado tempo para o corpo esfriar. Nisso, ele pegou o saco e a mão dela caiu, o que também não poderia ter acontecido, já que ele tinha que estar rígido, não poderia estar mole. Ai ele abriu o saco e viu que ela estava respirando bem fraquinho. Como ela não estava consciente, ela não conseguia pedir ajuda”, explica.
Jéssica conta que o funcionário ligou para o filho da idosa e relatou o que tinha acontecido. No mesmo momento, Norma foi encaminhada novamente para um quarto, onde permaneceu até a madrugada de segunda-feira (27), quando faleceu. A causa da morte, segundo o atestado de óbito, foi choque séptico.
“Eu acho que isso não deveria ter sido feito com ninguém, com nenhum ser humano. Botar dentro de um saco a pessoa viva e eles não esperaram nenhum prazo para ver se realmente ela morreu. A gente não sabe porque ela ficou nessa situação. Não foi dada nenhuma justificativa. Depois, ainda jogaram ela num quarto. Ela não poderia ter saído da internação depois de tudo isso que aconteceu, teria que ter ficado num lugar com bastante aparelho, ela não estava nem com oxigênio, mesmo depois que ela perdeu aquele ar todo dentro do saco”, complementa.
O corpo de Norma foi cremado na segunda-feira. A família, agora, pretende entrar com um processo contra o hospital devido à situação.
“O que eles fizeram foi desumano. Nem eu sei como ela resistiu nesse tempo todo”, finaliza.
Em nota, a direção do Hospital Regional informou que a paciente estava em tratamento paliativo na unidade e que um processo de sindicância foi aberto para apurar a responsabilidade do fato, além de ter sido notificado ao Comitê de Ética Médica e à Comissão de óbito.
Com informações de NSC Total.