Histórico: Há dez anos a neve tomou o morro do Cambirela, em Palhoca

Foto: Divulgação

Alguns eventos climáticos são marcantes, na sua maioria pela excepcionalidade que levam às nossas vidas, seja positivo ou pelo tamanho dos estragos que causam. O dia 23 de julho de 2013 ficou marcado por um episódio inusitado: a neve ficou a pouquíssimos quilômetros do mar.

Há dez anos, o morro do Cambirela amanhecia branquinho e congelante. O fato é tão raro, que não há registros de ocorrências parecidas como essa. De acordo com o meteorologista Marcelo Martis, da Epagri-Ciram, foi um evento que surpreendeu todos os profissionais da área na América do Sul.

“A gente pode classificar como excepcional, eu comparo ao furacão Catarina. Se houve outro antes ou episódio de neve similar a esse, não temos um registro tão claro quanto” explica Martins.

Isso não significa que não possa nevar no alto do morro, acima dos seus mil metros de altitude. Só que como não há observatório ou moradores nas proximidades, não há registros e tampouco na quantidade. Tanto que os moradores não esquecem daquele dia. Claudia Schwinden mora no Alto Aririú, na Palhoça, e lembra detalhes daquelas primeiras horas do dia 23 de julho.

“No dia anterior estava muito frio e assim que amanheceu, meu pai bateu na porta e gritando que era para olharmos o morro. Ele que tem 70 anos, disse que nunca viu algo parecido” conta Cláudia.

As fotos estão por todos os lados, uma delas chamou atenção. O helicóptero dos bombeiros pousou no alto, para registrar esse momento histórico. O Coronel Giovanni Kemper era o comandante da aeronave que saiu naquela manhã patrulhar a região, em busca de pessoas que poderiam estar acampadas e correndo riscos de morte por tanto frio. Já na parte de trás do Cambirela, ele encontrou um local de possível pouso e de onde ficou registrado para posteridade.

“Eu falei para o meu tripulante, o Jonas “aqui está firme, mas vou deixar aeronave em potência máxima e qualquer coisa decolamos. Você tenta sair da aeronave, com cuidado e bate uma foto”. Assim veio a famosa foto, que ficou muito bonita e num dia atípico. No termômetro da aeronave, acredito que era por volta de 9h30min, estava marcando zero graus” relembra Kemper.

 

Pior para quem havia deixado a região da Grande Florianópolis rumo à Serra Catarinense atrás da neve, porque Palhoça curtiu seu dia europeu ou de Santiago, capital do Chile, aos pés de uma cordilheira. Este foi o caso de amigos do deputado estadual Camilo Martins, que na época era prefeito do município. Ele lembra de ter chego ao gabinete e ter visto o morro totalmente branco, sem saber se era neve ou granizo. Na dúvida, os fotógrafos registraram e aí veio a provocação aos amigos.

“Vários amigos meus tinham saído da Palhoça em direção à Serra para ver a neve e o mais curioso que nevou em Palhoça, mas não teve o fenômeno em São Joaquim e Urupema. Eles ficaram indignados porque nevou muito ao nosso redor, nas nossas cordilheiras” Camilo

Palhoça ficou conhecida no Brasil. O cenário é impressionante mesmo pelas fotos de vários pontos da Grande Florianópolis. Todo e qualquer frio, elas pipocam acreditando que um dia será possível ocorrer novamente. Óbvio que não pode ser descartado, mas é preciso um frio intenso, umidade e muita sorte para viver aqueles momentos novamente. Naquele ano nevou em 107 municípios catarinense, mas de fato que em Palhoça é o mais inusitado e marcante para Santa Catarina.




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