
Florianópolis passou por grandes transformações ao longo dos séculos. O que era uma ilha praticamente deserta em 1673 se tornou um importante polo tecnológico e de empreendedorismo. O desenvolvimento da cidade levou mais de 100 anos desde a fundação, com dificuldades iniciais como a falta de estrutura e alimentos.
Os primeiros passos do empreendedorismo
De acordo com o historiador Rodrigo Rosa, o empreendedorismo na cidade começou há mais de 350 anos com Francisco Dias Velho.
“Ele pede para ocupar a Ilha de Santa Catarina, que não estava ocupada efetivamente. Ele traz um grupo de pessoas com ele e constrói a Catedral Metropolitana, não essa que conhecemos hoje, e empreende aqui na Ilha”, conta.
A intenção era estruturar a cidade, atrair moradores e desenvolver atividades econômicas. No entanto, o progresso só se consolidou em 1748, com a chegada dos imigrantes açorianos.
Chegada dos açorianos e os engenhos de farinha
Os açorianos trouxeram avanços tecnológicos para a Ilha, como os engenhos e os moinhos de vento. “Os engenhos e os moinhos de vento são industriais, não é mais o artesanato puro, não é mais a produção manual. E a tecnologia do moinho de vento não prospera, mas os engenhos sim. Então, nós vamos ter centenas de engenhos de farinha espalhados pela Ilha de Santa Catarina”, afirma Rosa.

A farinha de mandioca se tornou o primeiro produto de exportação de Florianópolis, impulsionando a economia local. Ainda hoje, alguns engenhos seguem em funcionamento, preservando a tradição.
Imigrantes e o fortalecimento do empreendedorismo
Com o tempo, novos imigrantes, como alemães e italianos, fortaleceram o empreendedorismo na região. A família Hoepcke foi uma das pioneiras e, em 1883, construiu a primeira sede do grupo em Florianópolis, na rua Conselheiro Mafra esquina com a Deodoro, no Centro.
O diretor do grupo, Guilherme Grillo, detalha que naquele tempo o grupo atuava na exportação e importação de ferragens e tecidos.
“É uma empresa que tem 140 anos e tem que se reinventar. O Hoepcke já fez de tudo na vida e pouca gente sabe que Florianópolis nas décadas de 30, 40, 50 do século passado foi um polo industrial e ele teve uma grande participação”, relata Grillo.
Conhecimento como motor do desenvolvimento
Neri dos Santos, professor Sênior do Programa de Pós-Graduação em EGC/UFSC (Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina) destaca que o conhecimento foi essencial para transformar Florianópolis em um polo de inovação.
“O conhecimento é o fator de produção que mudou a nossa realidade, primeiro com os habitantes nativos, os índios carijós e depois com a chegada dos primeiros imigrantes portugueses. E na sequência nós vamos vendo o desenvolvimento da ciência e da tecnologia com a chegada da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e das outras universidades, criando esse ambiente promotor de inovação”, ressalta.