
Após a demolição de casas na Praia do Forte, em Florianópolis, Ilson, de 60 anos, passou a noite entre os escombros da antiga residência. Ele não recebeu nenhum tipo de assistência ou acolhimento após a ação, segundo Filippos Karabalis, advogado que representa a Associação de Moradores da Praia do Forte.
Há um parecer do MPF (Ministério Público Federal) reconhecendo vínculos históricos com famílias que participaram da colonização da região. De acordo com o advogado, a ação desconsiderou o aspecto cultural e tradicional da comunidade e, mesmo com procuração, ele foi impedido de acessar a área, que estava bloqueada por guardas municipais e policiais.
Tensão marcou demolições de imóveis na Praia do Forte com uso de spray de pimenta pela PF
Durante a manhã de terça-feira (29), a demolição de imóveis na Praia do Forte, em Florianópolis, foi marcada por momentos de tensão entre autoridades e moradores. A operação, conduzida com o apoio da Polícia Federal, provocou protestos por parte de residentes e manifestantes contrários à ação.
Em resposta à aproximação dos manifestantes, agentes federais utilizaram spray de pimenta como forma de dispersar o grupo, o que intensificou o clima de conflito no local.
Briga judicial se arrasta há mais de 30 anos
A batalha entre Justiça Federal e comunidade local, envolvendo a construção de casas na praia do Forte, começou em 1991, quando a União solicitou a reintegração de posse pela primeira vez. O loteamento, segundo Ivânio, foi aberto pelo bisavô dele, há 150 anos. O familiar teria ajudado a construir a Fortaleza São José da Ponta Grossa.
Em 1984, a União permitiu que os pescadores que viviam na área permanecessem nos imóveis na praia do Forte, sob a condição de não ampliar as moradias existentes, tampouco cedê-las a terceiros sem autorização. Com o crescimento da família, o então responsável pelas edificações, Euclides Alves da Luz, foi intimado a fazer a demolição do que foi construído na área e deixar o local.
A desocupação, no entanto, nunca ocorreu. Em 2013, Euclides foi autorizado a permanecer na localidade até sua morte, que aconteceu em 2015. Oito, dos 11 filhos dele, permanecem vivendo na área até hoje. Ivânio é um deles. A União tentou retomar a propriedade entre 2020 e 2021 para realizar a demolição dos imóveis na praia do Forte e dar andamento a obras de restauração, e melhoramento da área tombada. O fato não ocorreu em decorrência da pandemia de covid-19.
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