
Santa Catarina segue sendo um Estado majoritariamente católico, mas com mudanças significativas no perfil religioso da população, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (6). Os católicos representam 64,3% dos catarinenses com 10 anos ou mais — uma queda de 9,2 pontos percentuais em relação a 2010, quando eram 73,5%. Apesar da retração proporcional, o número absoluto de católicos cresceu 7,2%, somando 307,9 mil fiéis a mais desde o último levantamento.
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Na contramão da tendência nacional — que registrou perda de 5,2 milhões de católicos —, Santa Catarina aumentou o total de adeptos, embora em ritmo menor do que entre 2000 e 2010 (12,2%).
O maior avanço no Estado foi dos evangélicos, que passaram de 19,6% para 23,4% da população, um crescimento de 498 mil pessoas. Cidades com forte presença da cultura alemã e pomerana, como Arabutã, registram algumas das maiores proporções de evangélicos do país.
A pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos destaca a crescente presença desse grupo na vida pública: “Os evangélicos estão se impondo mais na sociedade, colocando mais seus valores, suas ideias, sua fé.”
O número de pessoas que se declaram “sem religião” também dobrou, passando de 3,2% para 6,3%. Já religiões afro-brasileiras, como umbanda e candomblé, tiveram o maior crescimento proporcional em Santa Catarina: 82,8%, chegando a 0,8% da população.
Perfil sociodemográfico
Os dados revelam ainda diferenças de gênero, idade e escolaridade entre os grupos religiosos. Mulheres são maioria entre católicos (50,6%), evangélicos (52,8%) e espíritas (60,7%), enquanto homens predominam entre os sem religião (55,2%).
A faixa etária de 20 a 29 anos concentra o maior percentual de pessoas sem religião (10,6%), ao passo que idosos com mais de 80 anos continuam majoritariamente católicos (77,4%). Os espíritas têm o maior índice de escolaridade, com 51,9% possuindo ensino superior completo.
Tendências nacionais
Em nível nacional, o catolicismo atinge seu menor patamar histórico: 56,7% dos brasileiros se declararam católicos em 2022. Já os evangélicos alcançaram 26,9% da população, o maior percentual já registrado. O número de pessoas sem religião também aumentou para 9,4%, enquanto os seguidores de religiões afro-brasileiras triplicaram de 0,3% para 1% no país.
A pesquisadora Maria Goreth avalia que o crescimento de religiões como umbanda e candomblé está associado a um movimento de afirmação identitária e enfrentamento da intolerância religiosa: “Essas pessoas estão se colocando como umbandistas, candomblecistas, estão se voltando para essa religiosidade.”
Os dados revelam um cenário de diversidade e transformação religiosa, com mudanças de comportamento e novos posicionamentos em relação à fé no Brasil e em Santa Catarina.