“A construção do túnel no morro dos cavalos é uma novela antiga. O projeto original de duplicação da BR-101 contava com esta obra de arte, mas foi ficando de lado. Os embates jurídicos sobre a tribo indígena demandaram tempo, as licenças estão vencendo e a trama parece distante do capítulo final”.
Essa fala do ministro da Infraestrutura Renan Filho ao deputado estadual Sérgio Guimarães, na última semana, pode ser uma luz no fim do túnel. Ou melhor, seria a luz sobre o início da construção desta reivindicada obra.
Bem verdade que fosse cumprido o projeto inicial de duplicação da BR-101, ele já estaria pronto e essa discussão nem existiria. Só que inúmeras reviravoltas ao longo das últimas décadas impediram de acontecer.
A luta da sociedade civil organizada iniciou no final da década de 1980, com o sonho de uma rodovia segura e duplicada. Nos primeiros projetos, um túnel para transposição do Morro dos Cavalos estava previsto. Só que foram inúmeros processos judiciais sobre a possibilidade, ou não, de uma obra desse porte ser instalada em terras indígenas. Tudo isso demandou tempo e foi ficando para trás.
A duplicação iniciou em 2005, e terminou em 2017 sem túnel. A opção foi a quarta faixa, além de uma passarela no meio de uma tribo indígena. Mesmo com um acordo entre as partes, a obra com pouco mais de 2km, e faixas duplicadas nos dois sentidos, nunca saiu do papel.
Já a população indígena, colocada no meio de todos os embates jurídicos, hoje sonha com a construção do túnel. A cacique Eliara, da Tribo Guarani, reforça a importância da obra naquele local.
“Nós somos sempre fomos a favor da construção. Nós, comunidade indígena, somos os mais afetados perante esse cenário que vem acontecendo dentro do nosso território. Queremos que esse túnel seja construído o mais rápido possível”, revela.
Em meio ao caos que as chuvas causaram, veículos que estragam e geram congestionamentos quilométricos ou acidentes graves, o momento exige que o projeto seja retirado da gaveta.
Custos para construção
Não será barato, provavelmente será retirado do bolso daqueles 30 mil veículos que cruzam o pedágio de Palhoça diariamente, com uma taxa ajustada para execução deste empreendimento.
O presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Martorano, explica a necessidade desta obra. “Nós entendemos que o túnel é essencial há muito tempo. Em 2008 já estava previsto o túnel no projeto do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) da duplicação da BR-101, que por componentes do licenciamento ambiental, não foi possível”, destaca.
Os próximos passos estão mais visíveis neste momento. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) deve realizar uma estimativa de investimentos necessários para a BR-101, em Santa Catarina.
Após essas definições, o contrato de concessão vai para a mesa do Tribunal de Contas da União e a partir deste momento se terá uma definição sobre como será refeito esse acordo com Arteris ou outra empresa interessada.
Preocupada com a malha rodoviária catarinense, a Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina) reforça que o túnel é fundamental para fluidez do trânsito.
O presidente da entidade, Dagnor Schneider, lembra que a rodovia BR-101 está colapsada em diversos trechos e que Santa Catarina precisa encontrar saídas para esses gargalos que atrasam os catarinenses.
“Essa questão que envolve o Morro dos Cavalos é um cenário já recorrente. O projeto do túnel remonta há mais de 10 anos. A identificação da necessidade e execução desse túnel é para melhorar a fluidez e segurança naquele trecho. Somos totalmente favoráveis, nós entendemos a necessidade. A BR-101 trecho norte está colapsada e nós precisamos fazer uma análise estratégica para uma solução de médio e longo prazo”, ressalta.
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