A BR-101 vai além da mobilidade caótica na região metropolitana de Florianópolis. Por ser uma ligação entre os cinco portos catarinenses, onde anualmente movimentam mais de 61 milhões de toneladas, a rodovia ganha protagonismo econômico. Por isso, qualquer bloqueio gera um impacto enorme em diversas áreas e o monitoramento dos trechos críticos passa a ser fundamental.
No ano de 2013, com a troca da praça de pedágio do centro de Palhoça para o limite com Paulo Lopes, um relatório foi entregue pela Arteris Litoral Sul apontando 27 pontos preocupantes com relação a deslizamentos de terra.
No entanto, a negociação para revisão da tarifa não avançou e a empresa ficou responsável apenas pela manutenção do trecho, logo não realizou nenhuma obra de prevenção.
Os eventos extremos das últimas semanas, onde foram registrados quase 900mm de chuva no prazo de quatro dias, reacenderam a discussão sobre aquela região. Os políticos catarinenses levantaram diversas frentes para encontrar uma solução definitiva ao Morro dos Cavalos. Para o deputado estadual Sérgio Guimarães, a única saída para esse problema é a construção do túnel.
“É importante dizer que soluções imediatas não vão acontecer do dia para noite. É um morro e a Autopista não tem previsto no contrato nenhuma construção de túnel naquele local, nem terceira faixa. A construção do túnel não tem volta, ela tem que sair”, destaca Guimarães.
A promessa do ministro de infraestrutura, Renan Filho, de que o contrato de concessão vai ser revisto nos próximos meses, movimentou a bancada regional da Grande Florianópolis na Alesc.
Um documento será produzido até o final da próxima semana com todas as indicações necessárias para intervenções na rodovia que envolvem áreas urbanas de Palhoça até Biguaçu. O coordenador da bancada, deputado Marquito, elenca quais as prioridades que serão repassadas à União.
Túnel é prioridade
“O túnel do Morro dos Cavalos é uma prioridade, tem o pedido de ciclovias e faixa exclusiva para motociclistas, além de revisão de pontos críticos de desbarrancamento, que acabaram sendo avaliados de forma não coerentes com o que realmente tem risco”, afirma o deputado.
Recentemente, o Fórum Parlamentar Catarinense, composto pelos representantes federais, convocou uma reunião com o ministro Renan Filho e o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale. O tema ficou concentrado nas obras da BR-101, que além da região do Morro dos Cavalos, tem gargalos antigos entre Itapema e a divisa com o Paraná.
O presidente do Fórum, deputado federal Valdir Cobalchini, aponta que nos próximos 90 dias a sociedade catarinense vai indicar as demandas, antes da readequação do contrato de concessão da rodovia.
“O pontapé foi dado de forma irreversível, a sociedade será chamada a conversar no Ministério dos Transportes nos próximos 90 dias para definir quais obras são prioritárias. Em meu juízo, a primeira é o túnel do Morro dos Cavalos”, ressalta Cobalchini.
Soluções precisam ser encontradas, mas principalmente executadas. As perdas econômicas constantes assustam os empresários, que historicamente possuem inúmeras dificuldades com a infraestrutura de rodovias federais em Santa Catarina.
O presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Martorano, reforça o quanto esses problemas interferem na vida dos empresários.
“Nós não podemos aceitar que um corredor logístico dessa importância, como o Morro dos Cavalos, tenha a restrição que tem. Que permita como limite de velocidade de 30, 40km/h, muito sensível em razão de qualquer acidente e ainda está sujeito a intempéries por ser uma encosta e eventos severos. É difícil monetizar, mas a logística é um componente importantíssimo”, conclui.