A recente decisão do Governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado da Saúde e do Ciasc, de revogar as parcerias de telemedicina, ainda que sem prejuízo financeiro ou irregularidades apontadas, é um gesto que vai além da legalidade. É uma demonstração clara de que, mesmo diante de críticas, principalmente da oposição, o governador Jorginho Mello (PL) escolhe a integridade da máquina.
O modelo de parcerias adotado pelo Ciasc desde 2019, de acordo com o Ministério Público, é legítimo e encontra amparo na legislação. Ainda assim, o governo optou por não alimentar polêmicas e priorizou a segurança jurídica ao extinguir os contratos.
Essa postura é, sem dúvida, estratégica. Em tempos em que a credibilidade das instituições públicas é constantemente questionada pela população, um gesto como esse, reforça a imagem de um governo atento aos princípios da ética e da gestão responsável.
Entretanto, é necessário ponderar o custo dessa decisão para a população. A telemedicina, reconhecidamente um avanço para ampliar o acesso à saúde, chegará depois aos catarinenses. Isso pode implicar atrasos na implantação de um serviço essencial que já demonstrava potencial para melhorar o atendimento público.
Ainda assim, o governador e sua equipe mostraram que, mesmo sendo alvos de críticas que poderiam ser descartadas pelo simples fato de que “nada foi gasto”, optaram por não deixar margens para interpretações dúbias. É um movimento raro no cenário político: abrir mão de uma solução imediata em nome de um processo mais demorado, mas também mais sólido e irrepreensível.