O ano de 2023 foi marcado por um grande número de empresas em recuperação judicial no Brasil, como Americanas, 123 Milhas, Saraiva e a SouthRock Capital, conhecida por operar a marca Starbucks no país. Segundo dados da consultoria RGF & Associados, em Santa Catarina, 1,93 a cada mil empresas estão em recuperação judicial. O índice é o 10º maior entre os Estados brasileiros.
No terceiro trimestre do ano, de acordo com o monitor da RGF, Santa Catarina tinha 236 empresas em recuperação judicial entre as 122.447 analisadas. A maioria delas são de transporte rodoviário de carga, com 22 no total.
Entre as empresas catarinenses que recentemente entraram em recuperação judicial, estão o grupo PCS (Portfólio Centro-Sul), dono do Lages Shopping Center, a empresa de moda Von der Völke, e a Cervejaria Backer, que já foi eleita a melhor cervejaria artesanal do país.
Conforme o advogado Gabriel Gehres, do escritório Cavalazzi, Andrey, Restanho & Araújo Advocacia, o número de pedidos de recuperação judicial no Estado é considerado médio para baixo em relação aos outros estados do país. Isso se deve principalmente à diversificação da economia catarinense.
“Há um grande aumento nos pedidos de produtores rurais, por uma modificação da lei, que gera maior demanda nas unidades da federação com atividades altamente voltadas ao agronegócio. No entanto, Santa Catarina é um estado com economia bastante diversificada e sem grandes impactos, até agora, para as indústrias voltadas ao agro”, explica o advogado.
- Setores com mais empresas em recuperação judicial
- Transporte rodoviário de carga (exceto de produtos perigosos e mudança): 22
- Confecção de peças de vestuário (exceto roupas íntimas e feitas sob medida): 11
- Holdings de instituições não-financeiras: 11
- Comércio varejista de móveis: 7
- Construção de edifícios: 6
Aumento de pedidos de recuperação judicial no Brasil
Entre julho a setembro deste ano, o número de recuperações judiciais no Brasil chegou a 3.872, entre as 2,1 milhões de empresas analisadas no monitor da RGF & Associados. O estado com o maior índice é Goiás.
Conforme o advogado Gabriel Gehres, um dos principais motivos dos pedidos de recuperação judicial neste ano é justamente o efeito cascata causado pela crise em grandes empresas.
Recuperação judicial é falência?
Apesar de indicar um grave sinal de crise, o pedido de recuperação judicial não resulta necessariamente em falência da empresa, pelo contrário. O instituto de recuperação permite uma reestruturação completa da atividade, inclusive trazendo maior garantia àqueles que fornecerem produtos ou créditos após o pedido, como destaca o advogado Gabriel Gehres.
“Aqui no escritório, nosso histórico é de encerramento do processo de recuperação judicial sem a decretação de falência. Muito disso se deve à condução da reestruturação de forma séria e adequada, e utilização da recuperação judicial como um meio de superação da crise, e não como medida para evitar a falência, apenas”, explica.
Entre as empresas que conseguiram sair da recuperação judicial em Santa Catarina neste ano, estão a Reunidas S/A Transportes Coletivos e Transportadora Rodoviária de Cargas, de Caçador, e a Dânica, tradicional indústria de termoisolantes com sede administrativa em Joinville.
Com informações de NSC Total.