Dono de imobiliária de São José é suspeito de forjar a própria morte e aplicar golpe bilionário

Dono de imobiliária da Grande Florianópolis é suspeito de forjar a própria morte para aplicar golpe bilionário
Foto: Reprodução/Quantum Engenharia

A VR Brasil Patrimonial, empresa de investimentos imobiliários localizada em São José, na Grande Florianópolis, está sendo investigada por suspeita de aplicar golpes que totalizam quase R$ 1 bilhão.

O caso está sendo investigado pela DEIC (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) e pelo Ministério Público de Santa Catarina e segue sob sigilo.

Como funcionava

A promessa era de um rendimento de 3,3% ao mês, que seria obtido por conta da alta valorização imobiliária no litoral de Santa Catarina.

Quanto maior a cota de investimento, maiores eram as promessas de retorno. Por conta disso, os investidores depositavam mensalmente de R$ 10 mil a R$ 30 mil na conta da empresa. Alguns cotistas chegaram a depositar um total de quase RS 1 milhão.

No total, 2.240 investidores alegam ter perdido dinheiro após investirem na empresa. O prejuízo total estimado em quase R$ 1 bilhão é cem vezes maior que o do Caso Samuca, que impactou a Grande Florianópolis em 2007 e gerou um prejuízo estimado de cerca de R$ 10 milhões.

Proprietário morreu em acidente, mas investidores suspeitam de fraude

No dia 16 de maio, o empresário Márcio Ramos, único sócio administrador da VR Brasil, morreu após colidir a moto contra um poste em Florianópolis.

A empresa lamentou a morte do empresário em uma carta aberta publicada no site oficial, afirmando que a gestão de Márcio Ramos possibilitou que a empresa fosse considerada “uma das percussoras do modelo de negócio de aquisição de cotas imobiliárias”, sempre pagando os seus parceiros “com resultados acima da média do mercado imobiliário”.

A carta também explica que, por conta da morte do empresário, a equipe jurídica está tendo dificuldades de acesso às informações e análise da real situação financeira da empresa, mas está “objetivando a possibilidade de continuidade das atividades da empresa”.

Para as vítimas do golpe, a morte foi repentina e inesperada. Há quem acredite que a morte foi forjada, alegando que o vídeo do acidente mostra que ele andava em linha reta em uma velocidade normal e bate no muro sem ter derrapado ou sem sofrer interferência de algo externo.

Advogado da VR Brasil se manifesta

Ângelo Coelho, advogado responsável pela defesa da VR Brasil, manifestou que a morte do empresário já foi confirmada e que realizou o processo de levantamento de inventário.

Ele afirma que, para fazer o inventariante, é preciso de certidão de óbito e laudo de necrópsia emitido pelo Instituto Médico Legal (IML). Essas documentações foram colocadas no processo de inventário.

Processo de recuperação judicial

O advogado da VR Brasil publicou também duas cartas aos investidores, em que afirma ter aberto um processo de recuperação judicial como forma de viabilizar a superação da crise na empresa.

“A empresa já não vinha conseguindo honrar as obrigações com os cotistas, demonstrando um grande desequilíbrio econômico e financeiro. A crise é resultado da gestão anterior, a qual optou por pagar a seus clientes valores superiores à real capacidade financeira da empresa. Além disso, alguns investimentos não obtiveram o retorno esperado. Consequentemente, a empresa, pela primeira vez em sua história, passou a enfrentar um verdadeiro colapso financeiro”, informou uma das cartas.




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