O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte) apura a suspeita de um superfaturamento de R$ 3 milhões e 300 mil reais em obras na BR-282 na Grande Florianópolis. Trata-se de um contrato assinado em 2023 referentes a obras emergenciais na rodovia entre Palhoça e Rancho Queimado.
O contrato previa a recuperação dos estragos causados pelas chuvas de novembro de 2022 e obras de contenção de deslizamentos de terra nas margens da BR-282 a um custo de R$ 50,5 milhões, por dispensa de licitação.
Segundo relatório elaborado pela CGU (Controladoria-Geral da União), foi observado um superfaturamento de R$3,3 milhões. As obras foram contratadas mediante dispensa de licitação pela Neovida Engenharia.
De acordo com a fiscalização, o sobrepreço ocorreu na construção dos chamados “gabiões”, blocos de pedras fechadas em grades de arame que, empilhados, formam os muros de contenção.
“Constatou-se que os serviços referentes à execução de gabião e respectivos contrafortes, em todas as intervenções do Contrato nº 724/2022, foram orçados pelo Dnit, e posteriormente contratados para gabiões com 0,5 m de altura, como consta na planilha orçamentária. […] Ocorre que, posteriormente, os projetos detalhados dos gabiões desenvolvidos para execução efetiva determinaram a construção destes gabiões, em sua grande maioria (exceto contrafortes), com a especificação de 2 x 1 x 1,00 M, ou seja, com 1 metro de altura”, observa o relatório da auditoria.
Dessa forma, a empresa contratada para executar as obras, a Neovia Infraestrutura Rodoviária, construiu gabiões de 1 metro de altura quando o contrato previa gabiões de 0,5 metro de altura. No entanto, devido à menor quantidade de tela metálica necessária e maior agilidade de execução, “os custos para execução do gabião com caixa de 1m de altura são consideravelmente menores do que para a execução com caixa de 0,5m”.
Enquanto o preço final do gabião contratado pelo Dnit foi de R$ 704,20, o gabião de 1 metro custaria R$ 618,71. Questionados pelo Dnit, tanto o órgão federal quanto a construtora contratada admitiram o equívoco. A justificativa apresentada foi a urgência da contratação e execução das obras. O argumento, porém, não foi acolhido pela CGU “dado o acompanhamento por empresa supervisora, que deveria, no mínimo, possuir registro de controle das referidas compensações”.
O Dnit abriu um processo para apurar a atuação da supervisora do referido contrato.