‘Desintoxicação digital’: o que acontece quando você desliga?

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Foto: Imagem Ilustrativa/Reprodução

Em um mundo em que quase tudo passa pelas telas, trabalho, lazer, amizade, consumo, informação, a ideia de se desconectar parece quase radical. No entanto, cada vez mais pessoas têm buscado a chamada “desintoxicação digital”, um período voluntário, parcial ou total, longe de dispositivos como celular, computador, redes sociais e até serviços de streaming.

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Mas o que acontece quando, de fato, a gente se desliga?

Redescoberta do tempo real

A primeira percepção de quem tenta a desintoxicação é o tempo. O que antes era ocupado por rolagens infinitas no Instagram ou horas no TikTok, agora se abre como um espaço vazio, que pode ser desconfortável no início, mas se revela fértil para outras experiências. É o momento em que algumas pessoas retomam hábitos esquecidos, como ler, escrever à mão, praticar esportes ou apenas… não fazer nada.

“Nos primeiros dias, senti como se tivesse perdido uma extensão de mim”, conta Luana Moreira, 28, que ficou uma semana sem celular por escolha própria. “Mas depois percebi o quanto estava vivendo no automático. Foi como tirar os olhos de um espelho e olhar pela janela.”

Cérebro em modo offline

De acordo com a psicóloga comportamental Rita Mendes, a desintoxicação digital atua diretamente na redução do estresse e da ansiedade. “As notificações constantes, o excesso de estímulos e o consumo acelerado de conteúdo colocam o cérebro em estado de vigilância contínua. Desconectar-se ajuda a restaurar a atenção e reduzir sintomas de fadiga mental”, explica.

A ciência reforça essa visão. Pesquisas da Universidade de Harvard e da Universidade de Stanford indicam que pausas intencionais no uso de redes sociais podem melhorar o humor, a autoestima e até a qualidade do sono.

Não é só o quanto, mas como usamos

A desintoxicação não precisa ser total. Especialistas defendem que o mais importante é a forma como usamos a tecnologia. Aplicativos de monitoramento de tempo de tela, desativar notificações e reservar horários específicos para checar e-mails ou redes sociais já são medidas eficazes.

“Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de usá-la de forma mais consciente e intencional”, ressalta a psicóloga. “Estar presente, de fato, no que se faz. Isso é o antídoto contra o excesso.”

O desafio da reconexão

Curiosamente, muitos relatam que o mais difícil da desintoxicação digital é voltar. “Quando liguei o celular de novo, me senti atropelada por mensagens, atualizações, notícias… Era como entrar num trem em movimento”, relata Luana. Esse sentimento é natural, segundo os especialistas, e reforça o quanto a rotina digital moderna está acelerada, e o quanto faz bem desacelerar.

Como começar sua desintoxicação digital:

  • Estabeleça um tempo fixo (um final de semana, uma semana, uma noite por dia);

  • Avise pessoas próximas para evitar preocupações;

  • Apague temporariamente os aplicativos que mais consome;

  • Preencha o tempo livre com atividades não digitais;

  • Observe como se sente emocional e fisicamente.

Desconectar é um ato simples, e, cada vez mais, revolucionário. Ao contrário do que parece, não é uma fuga do mundo. É um retorno a ele.




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