Declarado inconstitucional, projeto de lei que proíbe Halloween em escolas avança em SC

Declarado inconstitucional, projeto de lei que proíbe Halloween em escolas avança em SC
Foto: Pixabay/Reprodução

O projeto de lei que proíbe a celebração do Halloween em escolas públicas catarinenses foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) nesta semana. A aprovação ocorreu um ano após a proposição da pauta, que foi considerada inconstitucional pelo Governo do Estado.

De autoria do deputado estadual Marcos da Rosa (União Brasil), o projeto de lei 0447/2023 prevê a proibição de qualquer evento, atividade didática, decoração ou celebração ao Halloween, também conhecido como Dia das Bruxas, nas escolas públicas catarinenses.

O deputado justifica que o objetivo é “resguardar a integridade cultural, ética e moral dos estudantes, bem como preservar os valores educacionais e familiares”. Ele usa como justificativa a decoração de Halloween feita em uma escola de Penha no ano passado, que simulava um assassinato e teria assustado alunos da unidade e gerado reclamações.

Além disso, argumenta que “a restrição não é apenas uma ação em defesa da integridade de nossas crianças e jovens, mas também um passo importante na preservação de nossa identidade cultural coletiva, afastando influências que não são apenas alheias, mas potencialmente contraproducentes ao meio ambiente educacional saudável e enriquecedor que sempre oferecemos em nossas escolas”.

Inconstitucional

Ao ser avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça, que analisa a constitucionalidade dos projetos, a relatora Ana Campagnolo (PL) solicitou que a Secretaria de Estado da Educação e a Procuradoria Geral do Estado se manifestassem sobre o assunto.

No início deste ano, a Secretaria de Estado de Educação enviou ofício argumentando que a “festividade é milenar, que foi sofrendo ressignificações ao longo da histórica, especialmente no Ocidente, por meio do Cristianismo Católico no período medieval, e, nos Estados Unidos, a partir do século XIX”.

Além disso, enfatizou que “não se trata de negar o conhecimento aos estudantes do que vem a ser o Halloween, mas de assumir no PPP (Projeto Político Pedagógico), no planejamento dos Professores e nos Planos de aula que tipo de abordagem será realizada”, usando o Halloween como “elemento de aprendizagem”.

Declarado inconstitucional, projeto de lei que proíbe Halloween em escolas avança em SC
Secretaria de Estado da Educação considerou que Halloween deve ser usado como “elemento de aprendizagem” | Foto: Alesc/Reprodução

Já a PGE /SC (Procuradoria Geral do Estado), também consultada a pedido da comissão, avaliou que o projeto “apresenta vício de inconstitucionalidade por violar o princípio da reserva da administração e o princípio da separação dos poderes”, uma vez que “invade as atribuições de gestão escolar da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina”.

Procuradoria Geral do Estado considerou o projeto inconstitucional | Foto: Alesc/Reprodução

Mesmo considerado inconstitucional, o projeto teve parecer favorável da relatora Ana Campagnolo. “Com relação aos aspectos da legalidade, juridicidade e regimentalidade, não vislumbro nenhum obstáculo à tramitação da proposição legislativa em apreço”, avaliou.

Os deputados presentes na sessão da comissão da última terça-feira (5) foram favoráveis ao parecer da relatora e aprovaram o projeto por unanimidade. Agora, ele passa pela Comissão de Educação e Cultura antes de ser enviado ao plenário da Alesc.




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