Cesta básica na Capital sobe 132% em 10 anos e compromete mais da metade do salário mínimo

Cesta básica em Florianópolis sobe 132% em 10 anos e compromete mais da metade do salário mínimo
Foto: Imagem Ilustrativa/Internet

O custo da cesta básica em Florianópolis aumentou 132,29% nos últimos dez anos, passando de R$ 358,14 em março de 2015 para R$ 831,92 em março deste ano, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). No mesmo período, o salário mínimo nacional não acompanhou esse crescimento, o que reduziu o poder de compra do trabalhador.

De acordo com o levantamento, o tempo de trabalho necessário para adquirir uma cesta básica na Capital catarinense aumentou em 20 horas e 35 minutos ao longo da última década. Em 2015, o gasto com os alimentos essenciais representava 45,46% do salário mínimo nacional, então fixado em R$ 788. Hoje, consome 54,8% do valor atual de R$ 1.518.

A diferença também se reflete no salário mínimo regional de Santa Catarina, que era de R$ 908 em 2015 e passou para R$ 1.730 em 2025. Ainda assim, a cesta passou a comprometer 48% dessa renda, ante os 39,44% registrados dez anos atrás.

“O que a gente pode perceber é que a inflação dos alimentos e bebidas, há pouco mais de dez anos, vêm sendo recorrentemente maior do que o índice geral de inflação. Isso por si só gera uma pressão a mais para que os salários consigam acompanhar esses aumentos dos preços”, avalia Crystiane Peres, supervisora do Dieese/SC.

Segundo a calculadora do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, se o valor da cesta básica tivesse apenas seguido a inflação média do período, ela deveria estar em R$ 623,51 — uma variação de 74,15%.

Entre os fatores que contribuem para o aumento desproporcional dos preços, Crystiane cita as questões climáticas e geopolíticas. “A disponibilidade de determinados produtos e eventos como a guerra entre Rússia e Ucrânia impactam diretamente a oferta de grãos e outros alimentos no mercado internacional”, analisa.

O Dieese também calcula o valor necessário de um salário mínimo capaz de atender às necessidades básicas de uma família de dois adultos e quatro crianças. Em março de 2015, esse valor era de R$ 3.186,92. Em março de 2025, o mínimo necessário subiu para R$ 7.398,94.

“A alimentação representa, em média, 35% dos gastos mensais das famílias que recebem entre um e três salários mínimos. Por isso, o aumento no custo dos alimentos tem um impacto muito forte sobre a renda das famílias de baixa renda”, destaca a economista.

O maior salto no custo da cesta foi registrado em 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Além da crise econômica, a interrupção da política nacional de valorização do salário mínimo, que garantia reajustes acima da inflação, contribuiu para o agravamento do cenário.

A supervisora do Dieese/SC afirma que houve redução no preço dos alimentos em 2023 e 2024, contudo, a queda ainda não compensou o aumento registrado na pandemia. O valor da cesta básica voltou a subir no fim do ano passado, devido à alta do dólar e questões climáticas.

“No entanto, a gente tem outro cenário hoje, de taxa de desemprego baixa e políticas de valorização do salário mínimo. Essas são algumas formas de mitigar esse problema da elevação do preço dos alimentos, além de outras tantas medidas, como política públicas que dizem respeito diretamente à oferta e ao preço dos produtos”, constata.




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