Com acesso ao Centro e a outros bairros do Sul da Ilha por rodovias expressas e duplicadas, o bairro Carianos hoje une dois grandes benefícios: é fácil de chegar, mas não é passagem para nenhum outro lugar, pois só tem uma via de entrada e saída, já que termina no portão da Base Aérea de Florianópolis.
Mas nem sempre foi assim. Dona Maria Gomes da Rosa, 91 anos de idade e há 76 anos no Carianos, lembra de quando ir ao Centro para uma consulta médica ou fazer compras era um programa para o dia todo.
“Não tinha transporte público e a gente tinha que ir de charrete até o Saco dos Limões, de onde se pegava um ônibus que só tinha três horários durante todo o dia”, lembra ela, conhecida entre os vizinhos como dona Liró.
Ficava ainda pior quando chovia, quando a estrada de chão batido se transformava num grande lamaçal. Dona Liró se recorda de quando o carro oficial do Presidente Getúlio Vargas ficou atolado.
“Outra vez um estilista veio fazer um desfile na cidade mas não teve coragem de atravessar a ponte de madeira sobre o rio Tavares. Mandou o assistente fazer o desfile e ficou aguardando até ele terminar para voltarem ao aeroporto.”
A inauguração do túnel e da via expressa que conecta o Centro à região Sul da Ilha no início dos anos 2000 favoreceu bastante o acesso ao Carianos para moradores e viajantes, uma vez que esse foi por mais de 70 anos o “bairro do Aeroporto”.
Mas a construção do novo terminal do Floripa Airport foi ainda mais revolucionária para o bairro. Afinal, abriu-se uma nova rodovia que aproximou o Carianos de outros bairros como Campeche, Morro das Pedras e Ribeirão da Ilha, e, logo, de seus atrativos naturais e praias. Além disso, manteve o Carianos próximo do aeroporto e sem todos os transtornos ao trânsito que o terminal antigo trazia.
Porém, a maior revolução chegou esse ano, com a transformação desse terminal no primeiro hospital municipal de Florianópolis. Conhecido como Multihospital pela diversidade de ofertas de consultas especializadas, exames, pronto atendimento, atenção psicossocial, à mulher, entre outros, o complexo de saúde funciona em regime de hospital-dia, com permanência máxima de 12 horas do paciente.
Uma inovação que traz novas oportunidades para o bairro, que se antes era uma passagem de viajantes, agora será o caminho por onde passa a saúde da cidade. “Vejo o Carianos renascendo com propostas como a desse hospital, sem o movimento absurdo que o aeroporto trazia, mas com uma dinâmica nova”, reflete Vilma Maria dos Anjos, moradora nativa do Carianos.
Ela acredita que a revitalização da principal avenida do bairro, Diomício de Freitas, foi essencial para prepará-la para esse novo momento.
Hoje, a avenida conta com nova pavimentação, sinalização e ciclofaixas que também fazem do Carianos uma opção tanto para quem busca alternativas de locomoção para o trabalho ou lazer.
Tudo sem perder a essência de um bairro residencial silencioso, tranquilo, seguro e, ao mesmo tempo, bem atendido por comércio e serviços. E não há serviço mais essencial do que os que agora são oferecidos dentro do Carianos para a saúde de quem ali escolhe viver.