A apoiadores, Bolsonaro rebate críticas sobre carta à nação: ‘O cara não lê a nota e reclama’

Horas depois de publicar uma declaração à nação na qual afirma que nunca teve a intenção de agredir os Poderes da República, o presidente Jair Bolsonaro pediu aos seus apoiadores que leiam a nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto nesta quinta-feira, 9, antes de criticá-lo. “O que acontece? Cada um fala o que quiser. O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota, é bem curtinha. Duas, três vezes. São dez pequenos itens. Entenda. A gente vai acertando, a gente vai acertando. O acúmulo de lixo vem de 30, 40 anos. A gente está ganhando, a gente está ganhando. Se o dólar dispara, influencia no combustível, no gás de cozinha. Foi excepcional o trabalho de vocês, o retrato para o mundo todo, todo mundo viu o que está acontecendo. Alguns querem imediatismo. Se você namorar e casar em uma semana, vai dar errado o seu casamento”, afirmou Bolsonaro.

O aceno do presidente, feito dois dias depois de afirmar na Avenida Paulista, em São Paulo, que não cumpriria decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não foi bem recebido por aliados e apoiadores. “Em nota oficial, Bolsonaro pediu desculpas pelas palavras no calor do momento. Game over”, diz uma publicação do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. “A realidade: a nota foi horrorosa e uma confissão de bravata”, acrescentou em outro post em seu perfil no Twitter. Na sessão da Câmara dos Deputados desta quinta-feira, 9, parlamentares da tropa de choque governista usaram a tribuna da Casa para se manifestar. “Vou pedir esse tempo para poder me posicionar a respeito da nota que o presidente acabou de postar. A princípio, vou dizer que fiquei até um pouco frustrada. Frustrada da mesma forma no dia em que o Moro pediu demissão. Durante alguns minutos, eu fiquei frustrada”, disse a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Ela acrescentou, porém, que o tempo vai mostrar que Bolsonaro acertou. O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), alvo de operação da Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, afirmou que precisava “confessar ao Brasil” que se entristeceu com a nota publicada pelo Planalto.

“Algo me entristece e preciso confessar isto ao Brasil. Me entristece a nota publicada pelo governo federal e assinada pelo meu presidente. Duas coisas me chamam a atenção nesta fatídica nota: a primeira, é que está público que esta nota partiu de uma redação feita pelo ex-presidente Michel Temer, responsável pela estadia do déspota Alexandre de Moraes em uma das cadeiras do Pleno do STF. Sim, o presidente da República assina a nota do pai do déspota. Sim, o presidente permite que a redação seja do pai daquele que colocou o ditador da toga naquela cadeira”, disparou. Em fevereiro de 2017, após a morte do então ministro Teori Zavascki, Temer indicou Moraes para a Suprema Corte.




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