Estudante de escola municipal de Florianópolis é campeã brasileira em hipismo

Maria Clara Oliveira Cunha Santos, juntamente com as colegas, trouxe para Santa Catarina o título de campeã por equipe, na categoria Principal, no Campeonato Brasileiro de Salto para Escolas de Equitação e Aspirantes. 
Foto: Divulgação

A estudante de Florianópolis, Maria Clara Oliveira Cunha Santos, juntamente com as colegas, trouxe para Santa Catarina o título de campeã por equipe, na categoria Principal, no Campeonato Brasileiro de Salto para Escolas de Equitação e Aspirantes, que aconteceu no Rio de Janeiro.

Maria Clara faz parte da Escola Básica Municipal de Florianópolis Intendente Aricomedes da Silva (EBIAS). Lívia Aguilar Fracanela, Eduarda Schuelter e Alicia Aguilar Fracanela são campeãs junto com ela no salto de 80 centímetros, tendo Juliana Gelbic na chefia da equipe.

Como tudo começou

A estudante do nono ano do ensino fundamental, sempre gostou de animais, sobretudo de cavalos. Quando o avô materno, que era como um pai para a menina faleceu, Maria Clara sofreu com a depressão. Uma psicóloga perguntou à garota se havia algo que ela amava fazer, e muito. “Eu falei que quando eu pensava em cavalos, isso me transmitia uma paz interior”.

Ela relatou à psicóloga que se imaginava montando e correndo em cima de um cavalo. “Eu simplesmente me sentia livre”, disse. A profissional sugeriu para a avó dela, Maria Sueli, com quem vive, levá-la para algum lugar onde houvesse cavalos ou outros animais.

Foi assim que a neta começou a frequentar a Sociedade Hípica Catarinense. “O hipismo me ajudou muito. Libertou-me de muitas mágoas, muitas tristezas, de muitas perdas. O hipismo me preencheu em certos vazios que eu tinha”.

No campeonato brasileiro, Maria Clara saltou com o cavalo Serrano, o Malvado Favorito. Conforme a Amazona, o apelido se deve ao fato dele ser rebelde. “Ao mesmo tempo”, relata, “o bichinho voa, ele pula muito, é muito bom mesmo”.

Maria Clara, 16 anos, segue um ritual. Antes de montar no Serrano, coloca a mão no peito dele e reza. Ensinamentos da avó. “Peço a Deus que acalme o Serrano. Foco bem nos olhos dele e falo assim: Eu estou contigo, você está comigo e Deus está conosco. Dá o teu melhor, eu vou dar o meu melhor. A gente tá junto em qualquer situação, em qualquer resultado”, ressalta com detalhes.

Dando a volta por cima

Segundo Maria Clara, duas semanas antes da competição, em julho, o Serrano estava estranho. Nos treinamentos, ele parava do nada. “A gente pedia para ele galopar, ele não ia. Pedia para trotar, ele não obedecia. E queria dar coice, queria corcoviar (desviar/esquivar), queria me jogar de cima dele”, conta.

A estudante continuava tentando. “Eu não desisti dele, apesar de às vezes eu me frustrar, ficar com raiva”. Na última semana de treinamento, Serrano recusou o salto duplo, que é um salto seguido do outro. Ele saltou um e recusou o outro. Maria Clara acabou caindo e bateu a cabeça no solo.

A estudante de Florianópolis, Maria Clara Oliveira Cunha Santos, juntamente com as colegas, trouxe para Santa Catarina o título de campeã por equipe, na categoria Principal, no Campeonato Brasileiro de Salto para Escolas de Equitação e Aspirantes.
Foto: Divulgação

“Eu não liguei para a queda, mesmo que minha cabeça e minhas costas estivessem doendo”. Mas, chorou. Estava desconsolada por não conseguir sintonia com o Serrano. Ela se perguntava: “o que que eu fiz de errado para ele? Por que que a gente não está mais tendo a nossa ligação, o que estava acontecendo?”.

Maria Clara tinha receio que o Serrano não gostasse mais dela. A professora de equitação, Cristina, olhou para ela. “Maria, está tudo certo. Tem dias ruins, tem dias bons. Se você estiver com medo, você não precisa ir com ele para o brasileiro (campeonato). A gente arruma um outro cavalo”.

Maria Clara pediu ajuda a Deus. “Senhor, o que que eu faço?”. Veio à mente da estudante: “Não desiste desse cavalo, esse cavalo é a sua dupla”. Ela respondeu para a professora: “‘Eu vou montar de novo. Eu vou montar de novo!”.

Levantou, limpou as calças e o capacete, subiu novamente no Serrano. “Fiz todo o trajeto, toda a pista de novo, todos os saltos, fiz o duplo, a gente arrasou naquela pista. A professora Cristina ficou orgulhosa de Maria Clara e destacou que a dupla foi incrível. “Aquele dia me mostrou que, mesmo que existam dificuldades, a gente nunca pode desistir antes mesmo de saber o que pode acontecer”, afirma.

Maria Clara finaliza dizendo: “O esforço vence o talento, enquanto o talento não se esforça”.




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