Oswaldo dos Santos Lucon, engenheiro e advogado, pediu demissão do posto de coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, durante a COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), nesta tarde de terça-feira (2). Ele havia sido nomeado para o cargo em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em declaração ao jornal Estadão, Oswaldo Lucon disse que estava saindo pela falta de interlocução do governo com os representantes da sociedade civil.
O FBMC (Fórum Brasileiro de Mudança do Clima) é um organismo oficial de aconselhamento científico do presidente da República, instituído por lei. O objetivo é assessorar o chefe do Executivo no tema da emergência climática, por meio do diálogo com a comunidade científica. Lucon, que é pesquisador da área de energia, comunicou a saída do cargo ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, por e-mail.
“Ele ligou para mim agora à noite pedindo para confirmar, e eu confirmei”, disse ele ao Estadão.
Lucon está em Glasgow como representante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), e disse que não foi seu objetivo criar um “fato político-partidário” com o pedido de demissão do cargo. “Não houve nenhum episódio pontual que me tenha feito tomar essa decisão, e nem foi nada premeditado, mas eu achei que, pelo bem do País, foi melhor eu sair”, disse.
Lucon não quis comentar a atuação do governo brasileiro na COP-26. Brasília apresentou uma proposta de revisão da meta climática que não amplia o corte de emissões de gases do efeito estufa em relação ao compromisso anterior, assumido no Acordo de Paris. Como representante do IPCC, o pesquisador não pode emitir opinião sobre a atuação de um determinado governo na conferência.