A mãe do bebê que não conseguiu transporte aéreo pois a aeronave estava em viagem com o governador Carlos Moises disse que o filho tinha chances de sobreviver a cardiopatia grave se conseguisse uma transferência médica de Lages para Joinville. O transporte só poderia ser feita pela aeronave Arcanjo-06, que estava em missão com o governador, segundo documento público que está no site do Governo de Santa Catarina.
Larissa Paes Branco, mãe do bebê, disse que só descobriu que a aeronave estava com o governador há pouco tempo e confirma que a família recebeu desculpas mentirosas.
“A gente descobriu isso depois que tivemos acesso ao documento, depois de quase dois meses do falecimento do meu filho. A gente não soube disso na hora. Eles mentiram pra gente de diversas formas. Disseram que a tripulação estava com Covid, depois que não tinha equipe médica disponível. A gente brigou nessa cidade inteira, fomos até o hospital infantil atrás de uma equipe médica, por que eles disseram que tinha aeronave, só não tinha equipe médica pra acompanhar”, disse Larissa.
Também foi dito à Larissa que ela deveria passar pelo Sisreg (Sistema de Regulação), e somente a aeronave que eles mandassem poderia ser utilizada.
A transferência do recém nascido foi feita pela Força Aérea numa ação chamada de ‘Missão de Misericórdia’, apenas 4 dias depois da negativa do sistema de regulação do Governo de Santa Catarina. O documento público no site do Governo e com assinatura digital confirma que a aeronave Arcanjo-06 estava a serviço do governador e uma outra aeronave estava em manutenção. Uma das alternativas seria fazer a transferência de ambulância, mas o trajeto teria mais de 300 quilômetros com passagem em trechos de serra, próximo a Joinville.
O Governo de Santa Catarina publicou nota onde disse que a informação é “mentirosa” e que “a tragédia familiar é usada para manipular a população”, mesmo com a existência do documento com uma assinatura digital e link para o site do Governo.
A família disse que pediu ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina uma investigação sobre o caso. O tema foi debatido por deputados na Alesc, mas ainda não há detalhes se o parlamento abrirá uma investigação sobre o ato.