
O intestino é muito mais do que um órgão responsável pela digestão. Ele é considerado pela ciência como o “segundo cérebro”, graças à sua capacidade de se comunicar diretamente com o sistema nervoso central e influenciar funções como humor, imunidade e, principalmente, regulação da fome.
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Estudos mostram que o intestino possui cerca de 100 milhões de neurônios, que se conectam ao cérebro por meio do nervo vago e liberam substâncias químicas capazes de informar quando é hora de comer e quando já estamos satisfeitos.
O intestino e os hormônios da fome
O médico nutrólogo Dr. Danny Cesar, especialista em emagrecimento, explica que a produção de hormônios no intestino é determinante para o controle do apetite.
“Grande parte da grelina, conhecida como o hormônio da fome, é produzida no estômago e intestino. Já hormônios como o GLP-1 e a colecistocinina, responsáveis por sinalizar saciedade, também têm origem no trato gastrointestinal. Se o intestino não está saudável, essa sinalização pode falhar, aumentando a vontade de comer”, afirma.
Ele ressalta que a microbiota intestinal — conjunto de trilhões de microrganismos que habitam o intestino — também influencia diretamente esse processo. “Um desequilíbrio na microbiota, chamado de disbiose, pode gerar inflamação e alterar o metabolismo, dificultando o controle da fome e favorecendo o ganho de peso”, completa.
Microbiota saudável, fome controlada
Pesquisas recentes apontam que pessoas com maior diversidade de bactérias benéficas no intestino tendem a ter níveis mais equilibrados de hormônios da fome e melhor resposta à saciedade. Para manter essa flora saudável, especialistas recomendam:
- Consumir fibras diariamente (frutas, verduras, legumes, cereais integrais e sementes);
- Incluir alimentos fermentados e probióticos (kefir, iogurte natural, kombucha, chucrute);
- Beber água suficiente para o funcionamento intestinal;
- Evitar excesso de ultraprocessados e açúcares refinados, que prejudicam as bactérias benéficas.
Mais do que calorias
O Dr. Danny reforça que o emagrecimento saudável vai além do simples corte de calorias. “Muitas vezes, o paciente segue a dieta, mas não consegue controlar a fome porque o intestino não está funcionando bem. Cuidar da saúde intestinal melhora a sinalização hormonal, reduz a inflamação e favorece o emagrecimento sustentável”, explica.
Segundo o médico, a abordagem focada apenas em restrição calórica pode até gerar perda de peso inicial, mas é comum provocar efeito sanfona e aumento da ansiedade por comida. Isso acontece porque, sem um intestino saudável, o corpo continua enviando sinais de fome, mesmo quando as necessidades energéticas já foram atendidas.
Além disso, o profissional destaca que o emagrecimento eficaz envolve equilíbrio hormonal, redução de inflamações e melhoria da sensibilidade à insulina. “Quando o intestino está em equilíbrio, a absorção de nutrientes é otimizada, o metabolismo funciona melhor e há mais energia para manter hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios”, acrescenta.
Ele também lembra que sono de qualidade e controle do estresse são pilares que impactam diretamente o funcionamento intestinal e, consequentemente, a regulação da fome. “Altos níveis de estresse e noites mal dormidas aumentam a produção de cortisol, um hormônio que estimula o apetite e favorece o acúmulo de gordura abdominal”, alerta.