
Os governadores de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul uniram forças em um manifesto público que será entregue ao governo federal, visando o fortalecimento e a ampliação da malha ferroviária na região Sul do Brasil. Liderados por Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, os mandatários defendem a construção da Ferrosul, uma ferrovia estratégica que promete conectar os quatro estados à malha federal, impulsionando a logística, desafogando o transporte rodoviário e fortalecendo a competitividade econômica do país.
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A informação foi antecipada por Beto Martins, Secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina. O manifesto, que conta com as assinaturas de Eduardo Leite (PSD) do Rio Grande do Sul, Ratinho Júnior (PSD) do Paraná, Eduardo Riedel (PSDB) do Mato Grosso do Sul, além do próprio Jorginho Mello, será encaminhado ao ministro dos Transportes, Renan Filho, ainda nesta semana.
“Os quatro governadores já assinaram o manifesto e uma carta ao ministro Renan, dizendo a ele que os estados, juntos, integrados, gostariam que as definições sobre a malha ferroviária no Sul passassem pela oitiva dos governadores. Os quatro querem ser ouvidos juntos porque não se sentem devidamente consultados e respeitados em seus interesses”, explicou Martins.
Estados Buscam Diálogo e Participação em Debate Nacional
Segundo Martins, a iniciativa dos governadores visa garantir a participação ativa dos estados no debate nacional sobre a renovação das concessões ferroviárias e na defesa de interesses comuns. Um projeto para a elaboração da nova malha ferroviária no Sul será desenvolvido por uma comissão composta por três representantes de cada estado, o que demonstra o compromisso conjunto com a expansão da infraestrutura.

Santa Catarina Lidera Movimento por Autonomia Ferroviária
Santa Catarina, em particular, tem se posicionado como um dos principais defensores dessa ampliação. Recentemente, a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) aprovou a criação do Sistema Ferroviário do Estado. Essa normativa concede maior autonomia ao governo estadual, que antes não possuía amparo legal para intervir na malha ferroviária existente em seu próprio território.
Atualmente, duas ferrovias operam em Santa Catarina sob gestão da União: a Malha Sul, com 210 quilômetros entre Mafra e São Francisco do Sul, focada no transporte de grãos, e a Ferrovia Tereza Cristina, com 168 quilômetros entre Imbituba e Siderópolis, destinada ao transporte de carvão mineral e contêineres. A expectativa é que o novo Sistema Ferroviário Estadual mude essa realidade.

Para Beto Martins, a ampliação do modal ferroviário é a única solução para desafogar o transporte rodoviário, que, segundo ele, está sobrecarregado e sem possibilidades de crescimento no estado. A criação da Ferrosul é vista como uma estratégia crucial para fortalecer a malha ferroviária na região e garantir maior competitividade em futuras negociações.
“Eu não consigo trazer um investidor internacional se eu não garantir para ele uma conectividade com a malha nacional. Ninguém vai investir em Santa Catarina se não tivermos uma visão integrada das ferrovias, uma visão de integração entre estados. Precisamos disso para oferecer segurança jurídica e viabilidade econômica plena aos investidores”, afirmou o secretário ao ND Mais, ressaltando a importância da infraestrutura para atrair investimentos.
Projetos Ambiciosos para Ferrovias Catarinenses
O governo de Santa Catarina já tem dois projetos de construção de novas ferrovias em andamento. Um deles é a ampliação da Malha Sul em 62 quilômetros, conectando Chapecó a Correia Pinto. O outro projeto liga os portos de Navegantes e Araquari, com conexão à linha federal, e já está 70% concluído, prometendo ampliar a competitividade econômica do estado.
Além dessas propostas em andamento, o governo catarinense, com a criação do Sistema Ferroviário do Estado, busca avançar na elaboração e desenvolvimento de outros dois trechos estratégicos. Um deles conectaria os três portos catarinenses (Itajaí, Navegantes e São Francisco, com possibilidade de agregar Itapoá), e o outro ligaria a Ferrovia Tereza Cristina ao município de Aurora, um importante polo de produção rural em Santa Catarina.