
Adélia Domingues, ex-estudante da EJA (Educação de Jovens, Adultos e Idosos) da Prefeitura de Florianópolis, está prestes a realizar um sonho: lançar seu primeiro livro, intitulado Construída em Retalhos. A obra, que narra sua trajetória de vida, deve ser lançada no dia 30 de julho, data em que ela completa 90 anos. Para viabilizar a impressão dos exemplares, uma campanha de pré-venda está sendo realizada com o apoio da amiga e professora de teatro, Dóris Furini.
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Natural de Pinheiro Machado (RS), Adélia mudou-se para Florianópolis em 1996. Viúva e mãe de 11 filhos, nove deles vivos, ela concluiu recentemente o ensino fundamental pelo polo da EJA no NETI-UNAPI, localizado no campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O retorno aos estudos foi motivado pelo desejo de registrar suas memórias em livro.

“Queria compartilhar com mais pessoas relatos da infância no interior, a luta pela sobrevivência e a criação dos meus filhos”, conta a autora.
Adélia interrompeu os estudos ainda na adolescência para trabalhar em uma fazenda e enfrentou diversos desafios ao longo da vida, incluindo a perda de dois maridos. Foi apenas depois de criar os filhos e se estabelecer em Florianópolis que decidiu retomar os estudos, com o apoio da família.

Ao todo, serão impressos 150 exemplares de Construída em Retalhos, dos quais 80 já estão disponíveis para compra antecipada. Interessados podem entrar em contato diretamente com a professora Dóris Furini, pelo telefone (48) 98415-9607.
Rotina cheia de projetos
Apesar da idade, Dona Adélia leva uma vida ativa e independente. Continua frequentando as aulas da EJA no NETI-UNAPI três vezes por semana, participa de oficinas de fuxico, onde ensina técnicas de reaproveitamento de tecidos, e ainda integra grupos de teatro em três locais diferentes: na Escola Sul, em Ponta das Canas; no NETI-UNAPI; e no IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina). Também pratica ginástica na UFSC e, aos domingos, expõe seus trabalhos manuais na feira de artesanato da Lagoa da Conceição.

“É difícil alguém me achar em casa, ainda mais que moro sozinha. Gosto de estar na rua, aprendendo coisas novas, fazendo amigos e jogando conversa fora. Procuro sempre estar envolvida em algum projeto”, afirma.
Filha de Ana Joaquina e Sotero Domingues, que segundo a família, nasceu em uma senzala, Adélia representa a força de uma geração que segue escrevendo sua própria história, agora literalmente.