A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) decide nesta terça-feira (17) se o nome do campus Trindade, sede da instituição em Florianópolis, será mantido ou deixará de homenagear João David Ferreira Lima, primeiro reitor da universidade.
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A votação será realizada em sessão especial do CUn (Conselho Universitário), marcada para as 14h. A decisão é inadiável e exige maioria qualificada: pelo menos 42 dos 69 conselheiros devem votar a favor da remoção da homenagem. O encontro será realizado em formato híbrido, com acesso presencial da comunidade universitária no auditório Garapuvu, no Centro de Cultura e Eventos, e transmissão ao vivo pelo YouTube.
Ferreira Lima é acusado de colaboração com o regime militar
A proposta de retirada da homenagem foi feita com base na recomendação número 6 da Comissão para Encaminhamento das Recomendações Finais da Comissão Memória e Verdade da UFSC. O relatório da comissão afirma que João David Ferreira Lima colaborou com o regime militar, tendo enviado ofícios ao SNI (Serviço Nacional de Informações) que teriam resultado em perseguições a estudantes e professores.
A família do ex-reitor contesta as acusações. A advogada Heloisa Blasi, que representa os familiares, afirmou que a votação está sendo conduzida com pressa e criticou o curto intervalo entre a última sessão, realizada na sexta-feira (13), e a de hoje. Segundo ela, a dinâmica prejudica o debate e o contraditório.
Defesa afirma que pode tomar medidas legais
Mesmo sem tempo de fala previsto na sessão, a defesa de Ferreira Lima acompanhará a votação. Segundo Blasi, eventuais medidas legais podem ser tomadas dependendo da decisão do conselho. “Estamos atentos para tomar todas as medidas legais, que não seja botar fogo em jornal, destruir monumentos públicos, porque isso não diz respeito ao nosso jeito de agir”, disse a advogada.
A expectativa é que netos e outros familiares de Ferreira Lima estejam presentes na sessão. Nas reuniões anteriores, eles acompanharam presencialmente o debate.
Mudança estava prevista para sexta, mas foi adiada
A votação estava originalmente agendada para sexta-feira (13), mas foi adiada após pedido de vistas do conselheiro Alexandre D’Ávila da Cunha, representante da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). O pedido foi acatado pelo reitor Irineu Manoel de Souza, que também preside o CUn.
De acordo com o rito da sessão, o relator do pedido de vistas apresentará seu parecer. Em seguida, será aberta a discussão e realizada a votação. Como o processo já foi apresentado em reuniões anteriores, não há possibilidade de novo pedido de vistas.
Entidades e ex-reitor defendem manutenção da homenagem
A proposta de retirada do nome tem gerado controvérsia. Na segunda-feira (16), a ACM (Associação Catarinense de Medicina) publicou nota repudiando a possível mudança. A entidade destaca o papel de Ferreira Lima na criação da UFSC e na implantação do curso de Medicina, em 1960.
Também se manifestou contra a retirada da homenagem o ex-reitor Álvaro Toubes Prata, que destacou a atuação de Ferreira Lima na consolidação da UFSC. Segundo Prata, “reconhecer a importância de Ferreira Lima é homenagear aquele que, nos idos dos anos 60, dedicou sua inteligência, energia e determinação para construir esta universidade”.
Próximos passos
Caso a homenagem a Ferreira Lima seja removida, o CUn ainda não votará o novo nome do campus. Essa definição será feita em outra etapa do processo.
A UFSC foi fundada em 1960 e desde então formou mais de 100 mil alunos na graduação e mais de 60 mil nos cursos de pós-graduação. O nome de João David Ferreira Lima também está presente em outras homenagens públicas em Florianópolis, como o Parque Ecológico do Córrego Grande e a Medalha Professor João Davi Ferreira Lima, concedida pela Câmara Municipal.
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